São Paulo, domingo, 22 de maio de 2011 |
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ANÁLISE CASO PALOCCI Crise encerra lua de mel do governo Dilma Presidente não é capaz de passar incólume por caso envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci COM O ESCÂNDALO, QUALIDADES COMO DISCRIÇÃO E CAPACIDADE GERENCIAL PASSAM NUM PISCAR DE OLHOS A SOAR COMO DEFEITOS ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA FOLHA A revelação do crescimento vertiginoso do patrimônio do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) pela Folha, há uma semana, encerrou abruptamente a lua de mel do governo Dilma Rousseff com uma opinião pública condescendente e favorável. Todos os governos passam pela lua de mel, mas Dilma contou com dois fatores a mais: é a primeira mulher presidente e sucessora do campeão de popularidade Luiz Inácio Lula da Silva. Nem assim ela é, ou poderia ser capaz de passar incólume por um escândalo envolvendo Palocci, que não é um ministro qualquer. Palocci é o centro da articulação política (que Dilma desdenha), avalista para os investidores internacionais, interlocutor do grande capital e da oposição, diplomata junto à grande imprensa. É, ainda, chefe da Casa Civil, motor da máquina burocrática que move todas as áreas de governo. Médico, Palocci transformou-se no homem forte da economia no governo Lula e caiu ao ser flagrado frequentando uma casa suspeita em bairro rico da capital. Mentiu sobre suas idas lá e, enfim, articulou ou permitiu a quebra ilegal e imoral do sigilo do caseiro Francenildo, testemunha-chave. Já seria temerário resgatar Palocci para o novo governo, ainda mais com tanto e tão disseminado poder. Agora, Dilma corre atrás do prejuízo, enquanto avolumam-se os valores dos negócios, as suspeitas sobre os clientes e as dúvidas sobre Palocci. Desde a posse, Dilma vinha sendo elogiada pela discrição, seriedade e capacidade gerencial, com uma confortável maioria no Congresso e uma oposição fragilizada pela falta de discurso para se contrapor ao governo. Com o escândalo, faz-se o caminho inverso. As qualidades passam num piscar de olhos a soar como defeitos. A discrição vira silêncio, a capacidade gerencial é trocada por manobras de bastidor contra a crise, a maioria se alvoroça para plantar dificuldades e colher facilidades. E a oposição ganha não apenas discurso, mas formas de ação. Ao pedir uma CPI, no mínimo ganha holofotes. Diz a regra política que, enquanto a economia vai bem, o resto se ajeita. Mas há também dúvidas quanto à própria economia. A previsão de crescimento acaba de cair de 5% para 4,5% neste ano, enquanto a inflação dá uma boa e uma má notícia. A boa é que houve uma ligeira recuperação de abril para maio. A má é que, em 12 meses, de maio a maio, ela está em 6,51%, bem acima do centro da meta e um pouco até do teto de 6,5%. Lula vem a Brasília nesta semana. Ou Dilma assume a reação, o governo e o contato com a opinião pública, ou ele volta para o campo de batalha -e para a ribalta. Texto Anterior: Longe dos holofotes, petista foi voz do Planalto na Câmara Próximo Texto: Janio de Freitas: Palocci explica Palocci Índice | Comunicar Erros |
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