São Paulo, domingo, 22 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ADVOGADA DA FÉ

Mulher que levou à igreja informações sobre o milagre de Irmã Dulce busca evidências de um segundo caso, o que faria da religiosa baiana a primeira santa nascida no Brasil

Márcio Lima/Folhapress
Ana Lúcia Aguiar colheu evidências que levaram à beatificação

GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A MALHADOR E ITABAIANA (SE)

A advogada Ana Lúcia Aguiar, 48, diz que sairá de Sergipe o segundo milagre de Irmã Dulce (1914-1992), o que faria da religiosa baiana a primeira mulher nascida no Brasil a se tornar santa.
Foi a atuação de Ana Lúcia nos "bastidores" que levou ao reconhecimento, pelo Vaticano, do primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce.
A advogada cearense, uma católica fervorosa, recolhe evidências de casos com potencial para ser reconhecidos pela igreja como milagres de Irmã Dulce. Conseguiu 46 casos até agora.
Um deles já foi reconhecido e resultou na beatificação, assinada por Bento 16 em 2010. Outro milagre transformaria Irmã Dulce em santa.
Foi Ana Lúcia quem levantou informações de médicos e testemunhas sobre a sobrevivência de Cláudia Cristiane Santos, 41, que originou o processo de beatificação.
Em 2001, Cláudia foi desenganada por médicos após três cirurgias fracassarem em estancar a hemorragia que se seguiu ao parto do segundo filho, num hospital de Itabaiana, em Sergipe. Lá, um padre orava a Irmã Dulce.
Segundo o processo de beatificação, 16 médicos brasileiros e italianos examinaram o caso sem achar resposta científica para a cura.
"Fui buscar o estudo, fui à maternidade, ajudei a levar o processo. Eu acreditei", conta Ana Lúcia.
Cláudia não se lembra das 28 horas críticas após o parto, mas crê na intervenção divina. "Como posso dizer que não foi milagre se nem os médicos nem a ciência sabem explicar?", pergunta.
Servidora de Malhador, cidade de 18 mil habitantes a 49 km de Aracaju, Cláudia virou celebridade local. Surgiram rumores -negados por ela- de que teria se convertido a uma denominação neopentecostal. "Isso é conversa, sempre fui católica", diz.

CÓDIGO CANÔNICO
"O segundo milagre, o da santificação, também virá de Sergipe", afirma a advogada, acrescentando que não pode dar detalhes enquanto o caso não for levado ao Vaticano.
Segundo ela, há um caso de 2006 com grande chance de virar milagre, mas que não daria a condição de santa a Irmã Dulce -pelo Código Canônico, alguém só pode se tornar santo com um milagre ocorrido após a beatificação.
É a cura de João Victor Santana, 7, de Aracaju, diagnosticado com leucemia. Suyan Santana, mãe do garoto, diz que ele foi curado após orações a Irmã Dulce. A criança tinha, debaixo do travesseiro, uma imagem da religiosa dada por Ana Lúcia.
Sobre seu papel na beatificação, a advogada diz que é "apenas um instrumento de Deus para divulgar a santidade de Irmã Dulce".
A devoção, conta, surgiu após ter tido uma visão de Irmã Dulce em um episódio de violência ao lado do filho -que nada sofreu.


Texto Anterior: Ex-deputado diz que não comenta sua vida privada
Próximo Texto: Cerca de 70 mil são esperados para beatificação
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.