São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2011

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Sigilo de orçamento da Copa pode mudar, diz líder do governo

Romero Jucá admite alterar texto, que impede acesso de órgãos de controle a estimativas de preço de obras do evento

Proposta foi criticada por governo e oposição; caso não seja votada, medida provisória deixa de valer em 15 de julho


GABRIELA GUERREIRO
ANA FLOR
MÁRCIO FALCÃO

DE BRASÍLIA

O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o Senado pode fazer ajustes no texto da medida provisória aprovada pela Câmara que mantém sob sigilo os orçamentos das obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.
O texto foi criticado pela oposição e até por aliados do governo, como o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), num sinal de que poderá haver dificuldades na viabilização da proposta do Planalto.
Na semana passada, a Câmara aprovou a medida que altera a Lei das Licitações e, como a Folha revelou, o sigilo foi incluído em manobra de última hora. A mudança tirou dos órgãos de fiscalização o direito de consultar os dados dos orçamentos a qualquer momento.
O texto diz que as informações só seriam repassadas em "caráter sigiloso" e "estritamente" a esses órgãos após conhecidos os lances da licitação, e que caberá ao governo escolher a data.
"Se tivermos prazo, poderemos ajustar a matéria, mudar algo. Colocar o veto para a presidente talvez não seja o melhor", disse Jucá.
O texto ainda está na Câmara para votação de destaques e o prazo para alterações expira em 15 de julho. Eventuais mudanças patrocinadas no Senado farão com que a MP retorne à Câmara.
"Se houver absurdos no texto e der tempo de votar, tudo bem, vamos promover mudanças", disse o senador Walter Pinheiro (PT-BA).
Apesar da sinalização dos governistas, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que o governo não pretende modificar o projeto. "Até porque temos pouco tempo para ele tramitar."
Para ela, houve "interpretação equivocada" do sigilo, que serviria para "manter a competitividade".
Sarney voltou a criticar ontem o sigilo nas obras dos eventos esportivos. Ele prometeu pedir "explicações" ao governo sobre a mudança e disse não ver problemas em divergir do Planalto.
A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) se reuniu ontem com o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Benjamin Zymler. Segundo a Casa Civil, os editais de licitação serão submetidos previamente ao tribunal para consulta.
Após declarações dos senadores do PMDB contra o sigilo nos orçamentos, o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL) negou que o movimento seja pressão para forçar nomeações em segundo e terceiro escalões.
Renan disse também que "o PMDB precisa compreender o motivo do sigilo". "É um convencimento pelo qual a bancada terá que passar."


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