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Centros sociais viram "currais" no Rio
Segundo a Promotoria, entidades davam até remédio vencido para eleitores; pelo menos 20 já foram fechadas
Para Ministério Público, é difícil provar vínculo com políticos; de acordo com eles, a atividade não é curral eleitoral
ITALO NOGUEIRA
DO RIO
Arma de boa parte dos políticos fluminenses, centros
sociais que oferecem serviços à população estão na mira do Tribunal Regional Eleitoral e do Ministério Público.
Ao menos 20 locais desses
já foram fechados. Neles, fiscais do TRE-RJ encontraram
medicamentos -alguns com
validade vencida-, cadeira
de rodas, material de campanha e dados de eleitores. Há,
ao todo, 129 entidades mapeadas no Estado.
Os centros oferecem principalmente atendimento médico gratuito, mas há também alguns que oferecem
cursos profissionalizantes.
Para o MP, a manutenção
desses centros por parte de
políticos pode configurar formação de curral eleitoral,
abuso do poder econômico
-o que pode impedir a diplomação de candidato eleito-
e propaganda irregular, que
pode gerar multa.
No início do mês, fiscais do
TRE encontraram na entidade ligada ao deputado estadual Dionísio Lins (PP), na
zona norte do Rio, anotações
com nomes e números de títulos de eleitor, resultado das
eleições de 2008 e 2006 por
zona e seção eleitoral.
Tudo, segundo o tribunal,
entre caixas de medicamentos e material de campanha
do candidato a reeleição.
O deputado afirmou que o
local da apreensão era um
depósito para onde o material havia sido levado por
orientação do próprio TRE.
Segundo ele, a sala onde foram encontrados dados eleitorais é seu escritório político, vizinho à entidade.
Em fundação vinculada,
segundo fiscais do TRE, ao
deputado estadual Domingos Brazão (PMDB), foi encontrada, além de medicamentos, uma cadeira de rodas com a inscrição "fornecida gratuitamente através de
convênio. SUS-RJ. ABBR-RJ".
O chefe de gabinete do
candidato a reeleição, Wanderlei Viana, afirmou que
Brazão é apenas colaborador
da entidade, na zona oeste.
Vincular um candidato a
determinado centro é um dos
principais desafios do MP.
Promotores buscam nos documentos dos centros nomes
de familiares ou pessoas ligadas aos políticos.
Na avaliação da promotora eleitoral Andrea Amin, a
vinculação entre políticos e
centros sociais impede que
os serviços sociais avancem
em áreas mais pobres.
"Se eu sou vereador ou deputado, e tenho centro social, enquanto [o serviço público] não funcionar o meu
centro tem demanda. Aí o
candidato não precisa nem
apresentar proposta. Basta
se apresentar como salvador
da região", disse Amin.
O deputado Dionísio Lins
afirma que sua entidade foi
fundada em 1987 e que ele foi
eleito apenas em 2006. "Há
gente na política que abre
centro social só para ganhar
voto. Mas temos que analisar
caso a caso. Faço porque sou
católico praticante."
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