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FOCO
Candidatos gays divergem sobre a melhor estratégia
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
"Boa noite, tenho 27 anos e
sou candidato a deputado
distrital. Quero trabalhar para que a palavra "inclusão"
deixe de ser necessária."
Com esse discurso, Michel
Platini (PT) citava sua experiência num bar alternativo
de Brasília: intérprete de sinais e coordenador de campanha para ônibus adaptados e do fórum de pessoas
com deficiência. Sutilmente,
Platini falava de sua ligação
com um grupo gay do DF.
Assumidamente homossexual, Platini coloca a militância gay sob o guarda-chuva
mais amplo dos direitos humanos, numa tentativa de diversificar o eleitorado.
Essa estratégia é assumida
por uma parte importante
dos "candidatos LGBT". Outra corrente, porém, se atém
à bandeira LGBT como principal mote da campanha.
Segundo a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais), há pelo menos
dez gays assumidos, duas
lésbicas, um bissexual, uma
travesti e uma drag queen
disputando as eleições.
"Sou, sim, gay assumido,
o Brasil inteiro sabe disso.
Mas sou um candidato como
outro qualquer", diz Jean
Wyllys, ex-BBB e candidato a
deputado federal pelo PSOL-RJ. Para ele, limitar a candidatura a uma bandeira "acaba levando à derrota": "Tiro
por mim mesmo, não quero
um candidato tão restrito".
"Não pode ser uma visão
exclusivista", diz Fernanda
Benvenutty, travesti e candidata a deputada estadual pelo PT-PB: "É uma candidatura das minorias sociais. Defendo a cidadania plena
LGBT, das mulheres, dos negros, deficientes e idosos".
A variação de pautas é recomendada pela própria
ABGLT. "Sou gay, mas vivo
num contexto de educação,
saúde, segurança", diz Toni
Reis, presidente da entidade.
Manter uma defesa monotemática é insistir num "discurso ultrapassado", diz Fernando Alcântara, ex-sargento do Exército e candidato à
Câmara pelo PSB-SP.
Há quem tenha apostas diferentes. "Minha principal
bandeira é LGBT", conta Osmar Rezende (PV-MG), candidato a deputado federal:
"Temos 87 direitos negados".
Júlio Cardia (PV), candidato a deputado distrital, adota
a bandeira LGBT: "Quero tornar Brasília a primeira cidade
"friendly" ao gay do Brasil."
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