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Plínio resgata propostas da esquerda
Candidato do PSOL apoia privilégio a fabricação de veículos coletivos e re-estatização de empresas do setor elétrico
Presidenciável diz não ter programa e que só
no governo vai poder "dimensionar o que será possível fazer"
PLÍNIO FRAGA
DO RIO
O candidato do PSOL à
Presidência, Plínio de Arruda
Sampaio, retoma, em suas
diretrizes eleitorais, antigas
propostas da esquerda radical brasileira e inclui proposições inusitadas como privilegiar a fabricação de veículos coletivos e fazer acordo
com a Embraer (hoje privada) para construir turbinas
para produzir energia eólica.
Entre as propostas estão
auditoria da dívida pública e
de todas as concessões de rádio e TV, re-estatização da
Vale e das empresas do setor
elétrico, jornada de trabalho
de 40 horas e reforma agrária
e limitação do latifúndio.
Católico, as diretrizes de
Plínio apoiam a legalização
do aborto e propostas genéricas como "fazer reparações a
descendentes de escravos" e
contratar com carteira assinada todos os "informais".
Em manifesto, intelectuais
do porte do crítico literário
Alfredo Bosi, do geógrafo
Aziz Ab'Saber, do advogado
Fábio Konder Comparato, do
criador do Fórum Social
Mundial e ex-vereador Francisco Whitaker, do especialista em gás Ildo Sauer, do filósofo Paulo Arantes e do sociólogo Ricardo Antunes
anunciaram apoio a Plínio.
Ao ser questionado sobre o
que faria se eleito, ele evita
assumir compromissos.
"Não temos no momento
um programa de governo,
mas propostas. Só quando
chegarmos ao governo poderemos dimensionar o que será possível fazer", disse.
Ildo Sauer -especialista
em energia, ex-petista e amigo de Plínio- evita comentar
pontos polêmicos.
"Não posso opinar diretamente. Mas mecanismos de
ampliação de mobilidade
das pessoas por meio de
transporte coletivo e uso racional dos recursos naturais
são necessários", afirma.
A Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores e a Embraer não
quiseram comentar.
"Uma candidatura sempre
representa uma visão de
mundo. A candidatura do
Plínio se baliza por conceitos
que orientaram a criação do
PT há 30 anos", diz Sauer.
FIM DO SENADO
O caráter muito polêmico,
mas pouco esmiuçado das
propostas de Plínio, cresceu
quando ele defendeu a extinção do Senado por meio de
emenda constitucional a ser
votada pelo Congresso.
Ou seja, além de 2/3 dos
votos da Câmara, o partido
teria de arregimentar 54 dos
81 votos do Senado em favor
da sua própria extinção. "O
Senado é um valhacouto de
oligarquias", afirmou Plínio.
A direção do PSOL o repreendeu porque a defesa da
extinção da Casa seria apenas opinião do candidato.
O ex-vereador Francisco
Whitaker relativiza as propostas. "Os votos que angariar não serão para ganhar a
eleição, mas para sinalizar o
apoio às propostas", diz.
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