São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 2011

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Gastos públicos devem ter alta em 2012

Aumento do salário mínimo, eleições e retorno de investimentos impulsionarão despesas, dizem economistas

Expansão fiscal é forte, o que pode afetar planos de cortar juros caso a crise se agrave, afirma economista do Ipea


MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Apesar de o governo ter indicado que vai controlar com mão firme o aumento de gastos, economistas projetam nova aceleração das despesas em 2012.
A principal pressão virá do aumento do salário mínimo em cerca de 14%, que elevará gastos com Previdência, benefícios assistenciais e seguro-desemprego.
Há ainda a expectativa de que haja um "descongelamento" dos investimentos do governo, represados neste ano. Além disso, observam economistas, 2012 é ano de eleições municipais, o que é um estímulo para o aumento de despesas.
O economista Mansueto Almeida, do Ipea (Instituto de Política Econômica Aplicada), considera que a expansão de gastos será inflacionária, o que deve obrigar o Banco Central a manter os juros elevados por mais tempo.
No caso de agravamento da crise externa, acrescenta, não haverá espaço para cortes muito amplos na taxa Selic, como vêm defendendo governo e economistas.
Além do aumento dos gastos, as desonerações tributárias já anunciadas também terão impacto que, segundo Almeida, será "muito forte".
"Entre aumento de gastos e desonerações, a expansão fiscal já contratada para o próximo ano é de R$ 70 bilhões a R$ 85 bilhões", diz o economista. "Em 2009, ano da crise, as despesas do governo cresceram R$ 74,2 bi".
Estimativas do governo indicam que o pacote de estímulo industrial e a ampliação do Supersimples (sistema diferenciado de tributação para pequenas empresas) provocarão renúncia fiscal de cerca de R$ 30 bilhões.
O economista do Itaú Marcelo Oreng afirma que os gastos no primeiro semestre (alta de 4,3%, já descontada a inflação) tiveram impacto neutro na inflação. Não impulsionou a alta de preços, mas também não contribuiu para reduzi-la.
Mas, segundo diz, os gastos subiram 11,5% em junho, o que indica propensão a gastar nos próximos meses.
"O governo vinha de 2010 com o pé no acelerador. Neste ano, tirou. Mas não pisou no freio", disse Oreng.
O resultado é que o superavit primário (economia para pagar os juros da dívida) deve recuar, depois de ter chegado ao equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre.
O Itaú e a consultoria Tendências projetam que o superavit deve cair para 2,9% até dezembro. Para 2012, ambos projetam esforço ainda menor: 2,2% do PIB.
Esse recuo também se deve à previsão de um crescimento mais modesto da arrecadação, devido à desaceleração da economia.
No primeiro semestre, o aumento do superavit ocorreu principalmente devido ao aumento da arrecadação.
Apesar disso, o economista da Tendências Felipe Salto não vê risco de excesso de endividamento. Mas, prevê, isso deve frear a queda da relação dívida/PIB, que deve ficar em 39,5% em 2011 e 2012, ou até subir.
"A relação dívida/PIB resume a situação fiscal do país. Se ela cresce, é preocupante", afirma.


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