São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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Governador do AP chora ao falar de prisão

No primeiro discurso após reassumir o cargo, Dias afirma ser vítima de armação e é aplaudido por servidores

Dirigente e outras 17 pessoas ficaram 9 dias presos sob a acusação de desvio de recursos do governo

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ (AP)

Em seu primeiro pronunciamento desde que reassumiu o cargo de governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP) chorou ontem ao lembrar de sua prisão pela Polícia Federal por nove dias, disse ser inocente e sugeriu que foi vítima de armação.
"Povo do Amapá, nesses dias de provação que passei, nas minhas reflexões de cada dia, o que sempre vinha ao meu espírito era a fé e a confiança em Deus e a certeza de provar a minha inocência."
Ele discursou no palácio do governo para uma plateia de assessores e servidores estaduais, que o aplaudiram. Em alguns momentos, foi interrompido pelos funcionários, que gritavam seu nome.
Dias foi um dos alvos da Operação Mãos Limpas, feita pela PF no último dia 10. Ele e outras 17 pessoas foram presas, dentre eles seu antecessor e candidato ao Senado, Waldez Góes (PDT).
Os dois são suspeitos de desvios em seis órgãos estaduais, com prejuízo estimado de R$ 300 milhões.
"A quem interessou esse tumulto, toda essa confusão?", questionou. Ele não citou nomes, mas cabos eleitorais dos presos atribuem a operação ao senador José Sarney (PMDB-AP). O objetivo, afirmam, seria ajudar a campanha de Lucas Barreto (PTB), seu aliado político.
A Polícia Federal diz não agir por interesses políticos. Sarney nega participação em qualquer irregularidade.
Após o discurso, Dias foi alvo de um protesto organizado por cerca de 150 estudantes e integrantes de movimentos sociais. Eles o chamaram de ladrão e pediram sua volta à cadeia. Policiais militares tiveram de intervir para impedir briga entre os manifestantes e servidores.
Em seu discurso, Dias chorou ao falar de sua família. "O que eu passei não desejo para ninguém", afirmou.
"Você ser acordado às 6h da manhã, contra você um mandado de prisão, ter sua casa vasculhada, diante de seus filhos. Ter sua vida pessoal devassada", disse.
Era uma referência indireta à exposição de um caso que ele, casado, mantinha com uma assessora da Secretaria da Saúde.


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