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Governador do AP chora ao falar de prisão
No primeiro discurso após reassumir o cargo, Dias afirma ser vítima de armação e é aplaudido por servidores
Dirigente e outras
17 pessoas ficaram
9 dias presos sob a acusação de desvio de recursos do governo
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ (AP)
Em seu primeiro pronunciamento desde que reassumiu o cargo de governador
do Amapá, Pedro Paulo Dias
(PP) chorou ontem ao lembrar de sua prisão pela Polícia Federal por nove dias,
disse ser inocente e sugeriu
que foi vítima de armação.
"Povo do Amapá, nesses
dias de provação que passei,
nas minhas reflexões de cada
dia, o que sempre vinha ao
meu espírito era a fé e a confiança em Deus e a certeza de
provar a minha inocência."
Ele discursou no palácio
do governo para uma plateia
de assessores e servidores estaduais, que o aplaudiram.
Em alguns momentos, foi interrompido pelos funcionários, que gritavam seu nome.
Dias foi um dos alvos da
Operação Mãos Limpas, feita
pela PF no último dia 10. Ele e
outras 17 pessoas foram presas, dentre eles seu antecessor e candidato ao Senado,
Waldez Góes (PDT).
Os dois são suspeitos de
desvios em seis órgãos estaduais, com prejuízo estimado de R$ 300 milhões.
"A quem interessou esse
tumulto, toda essa confusão?", questionou. Ele não
citou nomes, mas cabos eleitorais dos presos atribuem a
operação ao senador José
Sarney (PMDB-AP). O objetivo, afirmam, seria ajudar a
campanha de Lucas Barreto
(PTB), seu aliado político.
A Polícia Federal diz não
agir por interesses políticos.
Sarney nega participação em
qualquer irregularidade.
Após o discurso, Dias foi
alvo de um protesto organizado por cerca de 150 estudantes e integrantes de movimentos sociais. Eles o chamaram de ladrão e pediram
sua volta à cadeia. Policiais
militares tiveram de intervir
para impedir briga entre os
manifestantes e servidores.
Em seu discurso, Dias chorou ao falar de sua família. "O
que eu passei não desejo para ninguém", afirmou.
"Você ser acordado às 6h
da manhã, contra você um
mandado de prisão, ter sua
casa vasculhada, diante de
seus filhos. Ter sua vida pessoal devassada", disse.
Era uma referência indireta à exposição de um caso
que ele, casado, mantinha
com uma assessora da Secretaria da Saúde.
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