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Serra comete deslizes ao falar de Bolsa Família
Tucano faz promessas sobre programa, mas mostra desconhecimento a respeito dele
EDUARDO SCOLESE
EDITOR-ASSISTENTE DE PODER
Ao falar ontem sobre a promessa de criar uma espécie
de 13ª parcela do Bolsa Família, o presidenciável tucano,
José Serra, demonstrou desconhecimento do principal
programa de transferência
de renda do país.
Numa rápida entrevista
em São Paulo, Serra falou
dois minutos sobre o Bolsa
Família. Nesse intervalo, cometeu dois deslizes.
Primeiro vinculou equivocadamente o valor do salário
mínimo aos critérios de inclusão no programa.
"O salário mínimo de R$
600 [outra promessa do tucano] vai ampliar quantitativamente o número de famílias
do Bolsa Família. Porque hoje o critério está relacionado
com o salário mínimo. Meio
salário mínimo per capita, alguma coisa assim. O salário
mínimo sendo mais alto mais
famílias entram no Bolsa Família", declarou o tucano.
O salário mínimo (R$ 510),
na verdade, é usado para a
inclusão das famílias no Cadastro Único. São cadastradas no banco de dados (coordenado pelo governo federal
e abastecido pelas prefeituras) as famílias com renda
mensal de até meio salário
mínimo por pessoa (R$ 255).
Já o critério para inclusão
no Bolsa Família é outro. O
"corte" de renda é definido
com base em dados do IBGE e
na inflação acumulada.
Hoje estão aptos para receber o cartão aquelas com renda per capita mensal de até
R$ 140. Ou seja, quanto
maior o salário mínimo, em
tese, será menor o número de
famílias atendidas pelo programa, já que avançaria também a renda por pessoa.
EMPREGADOS
Na mesma entrevista, o segundo deslize de Serra veio
ao discorrer sobre a necessidade de manter o benefício
para famílias com pessoas
empregadas.
O tucano disse que definirá um prazo ("será mais de
um ano") no qual a família
poderá acumular um novo
emprego e o cartão do programa. Esse prazo já existe. É
de dois anos e foi definido em
decreto de 2008.
Atualmente, 12,6 milhões
de famílias recebem o Bolsa
Família, todas elas antes incluídas no Cadastro Único,
este com cerca de 20 milhões
de famílias e que serve como
banco de dados oficial de
pessoas de baixa renda.
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