São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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Mãe de governador é escolhida para o TCU

Eduardo Campos (PE) mostra força na Câmara dos Deputados e emplaca Ana Arraes, parlamentar sem expressão

PT desobedece Lula e libera a bancada; Senado ainda precisa confirmar indicação para vaga no tribunal

ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

A escolha da deputada federal Ana Arraes (PSB-PE), 64, para uma vaga no Tribunal de Contas da União mostrou a força do governador Eduardo Campos (PSB-PE), e rachou o PMDB e o PT.
A decisão da Câmara ainda terá de ser votada pelo Senado na próxima semana. Filha do governador Miguel Arraes (1916-2005) e deputada sem expressão, Ana Arraes foi eleita graças à articulação do filho governador, que há dois dias transferiu seu gabinete a Brasília.
Ela teve 222 votos, 73 a mais do que o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), que está no sexto mandato e já presidiu a Câmara. Foi a maior votação desde 1998, quando Adilson Mota teve 223 votos.
Candidato do PMDB, segundo maior partido da Casa (80 deputados), Átila Lins (AM) teve 47 votos: "Dos votos que recebi, o PMDB só foi responsável por 20. Os demais vieram de amigos de outras legendas. É difícil qualquer outra justificativa que não seja uma ação coordenada de traição", declarou.
O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que não foi uma eleição partidária, e "as relações pessoais" pesaram mais. Alves foi acusado por colegas de ter negociado o apoio do PSB para ser o próximo presidente da Câmara, o que ele nega. O fortalecimento de Campos não interessa ao PMDB nem ao PT: Campos é tido como um futuro candidato à sucessão presidencial, como cabeça de chapa ou como vice.
O PT contrariou orientação de Lula e liberou a bancada na votação. Mas a oposição (DEM, PPS e PSDB) também se dividiu, entre Aldo e o auditor do TCU Rosendo Severo, que teve apenas 10 votos.
Para evitar que o clima anti-Eduardo Campos crescesse, houve na madrugada anterior à eleição uma intensa negociação em Brasília. A Folha apurou que dirigentes do PSB ofereceram apoio do partido a candidatos na eleição municipal de 2012, liberação de emendas pelo Ministério da Integração Nacional, controlado pelo partido, e cargos.
Antes de ir a Brasília, Campos se reuniu com deputados de Pernambuco e avisou que quem votasse contra ele seria considerado de oposição.
Campos chamou até o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcante para mudar votos a favor de Aldo: "Tentei mudar os votos de uns 30 ruralistas. Não consegui".
Advogada e ex-servidora do Tribunal de Contas de Pernambuco, Ana Arraes terá seis anos de mandato no TCU, pois precisará se aposentar aos 70. Ganhará R$ 25,4 mil.
Ela disse que "é preciso rever essa questão da paralisação [de obras pelo TCU], porque ela às vezes sai mais cara do que a continuação com retificação das questões que estão sendo recomendadas". Lula criticava o TCU por paralisar a realização de obras.


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