São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

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ANÁLISE

Instituição não deixa claro como combaterá a inflação

MANSUETO ALMEIDA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, esteve ontem no Senado para prestar esclarecimentos sobre a política monetária.
Além do tom formal e dos elogios de sempre ao tripé da política econômica que vem desde 1999 (regime de câmbio flutuante, regime de metas de inflação e superavit primário), o depoimento teve pontos em destaque.
Primeiro, em relação à inflação, claramente o BC está trabalhando com dados que o mercado não tem ou com um horizonte de convergência para a meta de inflação diferente do mercado.
As expectativas de inflação têm piorado nas últimas três semanas e não é claro de onde virá o arrefecimento da inflação esperado pelo BC para o segundo semestre.
Segundo, o presidente do BC deixou claro que a política de acumulação de reservas continuará e que isso seria consistente com a maior integração do Brasil com o resto do mundo.
O presidente Tombini lembrou que a teoria econômica não é clara sobre o tamanho de reservas.
O que não foi dito é que a teoria econômica também não diz que um país como o Brasil se beneficiaria com um saldo de reservas ainda maior do que o atual (US$ 316 bilhões), pois em um regime de câmbio flutuante a necessidade de reservas é menor do que em um sistema de câmbio fixo, e o custo do carregamento das reservas já passa de R$ 50 bilhões/ano.
Terceiro, para evitar os efeitos no câmbio de uma maior entrada de recursos externos que acontecerá com a exploração do pré-sal, a autoridade monetária lembrou a importância do Fundo Soberano na compra de divisas.
Não foi dito, no entanto, que para isso seria necessário aumento do superavit primário para que o Tesouro faça novas capitalizações do Fundo Soberano.
Em resumo, parece que o Brasil vai prosseguir com uma política de acumulação de reservas independentemente do custo fiscal dessa política.

MANSUETO ALMEIDA é economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)


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