|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Dilma quer ajuste fiscal no início de eventual governo
Ideia é repetir a estratégia do presidente Lula quando ele assumiu em 2003
Avaliação da petista é que as novas medidas poderão ter intensidade menor por causa da situação econômica
Sergio Lima/Folhapress
|
|
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, dá entrevista na sede da coordenação de sua campanha, em Brasília
KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, já
discute com auxiliares e o
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva medidas econômicas duras, sobretudo na área
fiscal, para adotar no início
de um eventual governo.
Segundo a Folha apurou,
a intenção é repetir a estratégia do começo do governo
Lula, em 2003, quando o novo presidente fez ajuste fiscal
e monetário mais duro que o
esperado pelo mercado.
A avaliação de Dilma e auxiliares é que esse ajuste não
precisará ter a intensidade
do adotado por Lula, porque
ela herdará situação econômica melhor. No entanto, serão necessárias medidas para dar sinais mais concretos
ao mercado de que a eventual gestão Dilma reduzirá o
ritmo de gastos dos últimos
dois anos do governo Lula.
As medidas em análise se
concentram na área fiscal,
mas há também estudo sobre
a área monetária. A Folha
apurou que uma medida será
reduzir drasticamente a política de reajuste salarial para
o funcionalismo público.
Isso não significa que não
haja reajustes, mas que, sobretudo no primeiro ano do
eventual governo, eles sejam
mais parcimoniosos.
Neste ano, Lula cedeu a
um reajuste para o conjunto
das aposentadorias maior do
que o previsto inicialmente.
Dilma deverá ter posição
mais austera nesse assunto.
META
Será feita uma execução
do Orçamento da União mais
dura a fim de cumprir a meta
atual de superavit primário,
de 3,3% do PIB ao ano.
Com a hipótese concreta
de vitória no primeiro turno,
apontada pela última pesquisa Datafolha, Dilma deixará claro que manterá o tripé da atual política econômica: câmbio flutuante, meta
de inflação e superavit primário. Mas vai enfatizar cada
vez mais em declarações públicas que não haverá descontrole das contas públicas.
A intenção é frisar principalmente o aspecto fiscal, no
qual o governo petista tem sido criticado recentemente.
Dilma tem discutido o tema com Lula e principalmente com o seu coordenador de
campanha e ex-ministro da
Fazenda Antonio Palocci Filho e com o secretário de Política Econômica do Ministério
da Fazenda, Nelson Barbosa.
"TRAVESSIA DURA"
Quando Lula foi eleito pela
primeira vez, em 2002, Palocci defendeu uma "travessia
dura". Hoje, Lula e Palocci
avaliam que parte dos êxitos
econômicos dos dois governos petistas se deve a esse
aperto de cintos em 2003 e
2004. Palocci defende a mesma estratégia para Dilma. Informado das discussões, Lula concorda com a estratégia,
segundo a Folha apurou.
Além das medidas específicas de ajuste fiscal, há um
estudo de mudança na política de metas de inflação. Seria
uma alteração para dar ao
país uma meta mais baixa.
Ou seja, uma redução do
centro da meta de inflação
para que o país passe, na segunda metade de seu eventual mandato, a conviver
com taxas menores de reajuste de preços. Hoje, o centro da meta de inflação é de
4,5%, com variação de dois
pontos percentuais para cima e para baixo.
A ideia é estipular uma
meta para 2012 na casa dos
4%, para sinalizar que o próximo governo batalhará por
uma inflação menor, hoje
considerada alta para padrões mundiais. Em 2009,
ela foi de 4,31%, pelo IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador
oficial da meta. Neste ano,
deverá ficar em torno de 5%.
A adoção de medidas econômicas duras não significará cortar recursos dos principais programas sociais e das
obras prioritárias do PAC.
Além disso, auxiliares dizem
que ela investirá paulatinamente em saúde, educação e
segurança pública.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Tamanho do PMDB na equipe dependerá da eleição Índice
|