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Dilma já discute ministério com Lula
Vantagem no Datafolha dá início, ainda discreto, à temporada de articulações para a composição do governo
Candidata diz a aliados que ainda não é hora de pensar na equipe, mas reservadamente iniciou debate com o presidente
DE BRASÍLIA
Diante da possibilidade de
ganhar já no primeiro turno,
a candidata do PT, Dilma
Rousseff, sabe que será alvo
de pressões de PT e PMDB
por espaço num eventual governo, mas vai insistir numa
frase que gosta de repetir:
"Discutir isso agora dá azar".
Dilma não quer repetir, segundo ela, o episódio em que
Fernando Henrique Cardoso
se sentou na cadeira de prefeito paulista na eleição de
1985 antes da hora. Perdeu a
eleição para Jânio Quadros.
Nos próximos dias, a petista irá dizer aos aliados que
formação de governo é assunto "proibido" na campanha para evitar transmitir sinais de "arrogância" e criar
um clima de "já ganhou".
Apesar do recado, Dilma já
discute o assunto reservadamente com uma pessoa, o
presidente Lula, e seguirá a
linha de seu criador de colocar em postos-chaves nomes
de sua total confiança.
Ela sabe que terá de enfrentar o apetite do PMDB e
contemplar o partido em
eventual governo, mas vai
esperar a definição da eleição para discutir o tema com
os aliados. Se ganhar mesmo
no primeiro turno, por exemplo, acredita que terá mais
força para montar seu ministério mais livremente.
Lula dará mais do que palpites na escolha de eventuais
futuros ministros de Dilma,
mas tem insistido que ela tem
de ter liberdade para montar
um governo com sua cara.
O presidente, por exemplo, é defensor da ida de Antonio Palocci Filho, ex-ministro da Fazenda e coordenador de sua campanha, para a
Casa Civil. Lá, coordenaria as
ações de governo e faria uma
dobradinha com o eventual
vice-presidente, Michel Temer, para tratar da articulação política do governo.
VISIBILIDADE
Palocci também é visto como bom nome para a Saúde,
obtendo assim visibilidade
para disputar o governo paulista em 2014, caso Aloizio
Mercadante perca a eleição.
Outro petista é apontado
como certo na equipe: o presidente do PT, José Eduardo
Dutra, também coordenador
de sua campanha e que desistiu de disputar a eleição a
pedido da candidata.
O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel
também é tido como nome de
uma futura equipe.
Dilma também vai dar
mais espaço no governo para
mulheres. Nesse grupo, dois
nomes são fortes e contam
com a confiança da candidata. A atual ministra Erenice
Guerra (Casa Civil), que a
substituiu no posto, e Maria
das Graças Foster, diretora
da Petrobras.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tende a
ser deslocado para a área social. No governo, há quem
defenda sua ida para a pasta
de Desenvolvimento Social e
Combate à Fome. O ministro
Franklin Martins (Comunicações) e o chefe de gabinete de
Lula, Gilberto Carvalho, também devem ficar se desejarem, mas em outros postos.
Um ministro deverá perder
o lugar: Nelson Jobim (Defesa). Dilma pretende escolher
um nome com maior capacidade gerencial para comandar as obras de infraestrutura
nos aeroportos do pais, vitais
para a Copa do Mundo.
Dois postos sensíveis deverão gerar especulações por
conta da importância para o
mercado: Ministério da Fazenda e Banco Central. Lula
já disse em conversa reservada que Guido Mantega poderia seguir na Fazenda e Henrique Meirelles no BC, mas foi
apenas um cenário eventual
aventado pelo presidente.
FAZENDA
Dilma, contudo, gostaria
de indicar o presidente do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, para comandar a Fazenda, posto desejado por Meirelles por indicação do PMDB.
Coutinho, contudo, vai
bem no BNDES e pode ficar.
O mesmo pode acontecer
com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
Ainda na área econômica,
um nome considerado certo
é o do atual secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Ele pode integrar um
grupo de conselheiros que a
ministra deve criar dentro do
Palácio do Planalto. É cotado
também para a Fazenda ou o
Planejamento, esta, por ora,
a hipótese mais plausível.
(VALDO CRUZ E KENNEDY ALENCAR)
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