São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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Estratégia não vai mudar, afirma Serra

Bastante pressionado por aliados alarmados com a vantagem de Dilma, tucano procura demonstrar otimismo

Candidato minimiza declarações de líderes do PSDB e nega que exista desânimo em sua campanha eleitoral

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

O tucano José Serra disse ontem que não vai mudar os rumos de sua campanha à Presidência, apesar de críticas e pressão de aliados.
"Não [vamos mudar a estratégia da campanha]. Nós vamos seguir nosso trabalho com muita seriedade, com muito empenho, otimismo e propostas para mostrar para a população. E vamos chegar lá", afirmou o tucano.
A pressão de aliados por mudanças nos rumos da campanha se intensificou no fim de semana com a divulgação da pesquisa Datafolha que apontou Dilma Rousseff (PT) 17 pontos percentuais à frente de Serra -47% a 30%. Com esse resultado ela venceria já no primeiro turno.
Serra também negou que houvesse desânimo dos aliados. "Não vou comentar isso. E aí é sempre um fala uma coisa, outro fala outra, outro deixa de falar", disse.
O tucano visitou ontem à tarde o Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, na Vila Nova Cachoeirinha, uma obra que ele fez quando era prefeito de São Paulo.
Conhecido por se atrasar para os compromissos, Serra chegou cinco minutos antes do horário informado à imprensa. Geraldo Alckmin, candidato do PSDB ao governo do Estado, normalmente pontual, chegou com 15 minutos de atraso.
Na chegada de Serra, quatro cabos eleitorais de um candidato a deputado da zona norte de São Paulo começaram a gritar "Serra, Serra" na tentativa de animar as cerca de 50 pessoas -sem contar os jornalistas- que participavam do evento. Ninguém acompanhou o coro.
Quando Alckmin chegou, os mesmos quatro cabos eleitorais começaram a gritar "Geraldo, Geraldo". Imediatamente todos os presentes acompanharam.
Apesar disso, Alckmin afirmou que não há desânimo na campanha de Serra. "Essa questão de pesquisa, ela oscila. Tem hora que sobe, desce, isso é normal. O processo eleitoral está em pleno curso. Não tem nenhuma decisão ainda definitiva."

LULA EM SP
Alckmin também minimizou a entrada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha do candidato petista ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante.
"Acho natural, são do mesmo partido, não vejo nenhum problema", afirmou.
Integrantes de sua equipe, no entanto, não estão tão tranquilos como pretende demonstrar o candidato. Nem mesmo as pesquisas internas do PSDB conseguem aferir qual será o impacto da participação do presidente na campanha estadual.
O principal temor de dirigentes tucanos era justamente a participação de Lula na campanha estadual. E a estratégia começou a se desenhar com a disparada de Dilma na corrida presidencial, até então a única prioridade do presidente.
Com a vitória de Dilma praticamente garantida já para o primeiro turno, como avaliam até mesmo membros da campanha de Serra, Lula pretende se dedicar a São Paulo e Minas Gerais.
No fim de semana, Lula participou de dois comícios na Grande São Paulo ao lado de Dilma e Mercadante. Hoje, fará campanha na porta de uma fábrica em São Bernardo do Campo acompanhando os candidatos petistas ao governo e à Presidência.
Além disso, o presidente cobrou da campanha petista que crie "fatos políticos" para tentar uma virada de Mercadante sobre Alckmin.
O último levantamento do Datafolha em São Paulo aponta uma larga vantagem de Alckmin: 54% contra 16% de seu adversário do PT.
Lula não só aposta em uma virada como cobrou dos petistas que defendam uma vitória já no primeiro turno.
Questionado se o apoio de Lula -que também tem sido a estrela da propaganda de Mercadante na TV- poderia ajudar seu adversário, Alckmin desconversou.
"Eu falo com os eleitores, não falo com o concorrente. A receptividade na rua é muito boa. O que nós vamos fazer é acelerar nesses próximos 30 dias", disse o tucano.


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