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Estratégia não vai mudar, afirma Serra
Bastante pressionado por aliados alarmados com a vantagem de Dilma, tucano procura demonstrar otimismo
Candidato minimiza declarações de líderes do PSDB e nega que exista desânimo em sua campanha eleitoral
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
O tucano José Serra disse
ontem que não vai mudar os
rumos de sua campanha à
Presidência, apesar de críticas e pressão de aliados.
"Não [vamos mudar a estratégia da campanha]. Nós
vamos seguir nosso trabalho
com muita seriedade, com
muito empenho, otimismo e
propostas para mostrar para
a população. E vamos chegar
lá", afirmou o tucano.
A pressão de aliados por
mudanças nos rumos da
campanha se intensificou no
fim de semana com a divulgação da pesquisa Datafolha
que apontou Dilma Rousseff
(PT) 17 pontos percentuais à
frente de Serra -47% a 30%.
Com esse resultado ela venceria já no primeiro turno.
Serra também negou que
houvesse desânimo dos aliados. "Não vou comentar isso.
E aí é sempre um fala uma
coisa, outro fala outra, outro
deixa de falar", disse.
O tucano visitou ontem à
tarde o Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, na Vila Nova Cachoeirinha, uma
obra que ele fez quando era
prefeito de São Paulo.
Conhecido por se atrasar
para os compromissos, Serra
chegou cinco minutos antes
do horário informado à imprensa. Geraldo Alckmin,
candidato do PSDB ao governo do Estado, normalmente
pontual, chegou com 15 minutos de atraso.
Na chegada de Serra, quatro cabos eleitorais de um
candidato a deputado da zona norte de São Paulo começaram a gritar "Serra, Serra"
na tentativa de animar as cerca de 50 pessoas -sem contar os jornalistas- que participavam do evento. Ninguém
acompanhou o coro.
Quando Alckmin chegou,
os mesmos quatro cabos eleitorais começaram a gritar
"Geraldo, Geraldo". Imediatamente todos os presentes
acompanharam.
Apesar disso, Alckmin
afirmou que não há desânimo na campanha de Serra.
"Essa questão de pesquisa,
ela oscila. Tem hora que sobe, desce, isso é normal. O
processo eleitoral está em
pleno curso. Não tem nenhuma decisão ainda definitiva."
LULA EM SP
Alckmin também minimizou a entrada do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva na
campanha do candidato petista ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante.
"Acho natural, são do
mesmo partido, não vejo nenhum problema", afirmou.
Integrantes de sua equipe,
no entanto, não estão tão
tranquilos como pretende
demonstrar o candidato.
Nem mesmo as pesquisas internas do PSDB conseguem
aferir qual será o impacto da
participação do presidente
na campanha estadual.
O principal temor de dirigentes tucanos era justamente a participação de Lula na
campanha estadual. E a estratégia começou a se desenhar com a disparada de Dilma na corrida presidencial,
até então a única prioridade
do presidente.
Com a vitória de Dilma
praticamente garantida já
para o primeiro turno, como
avaliam até mesmo membros
da campanha de Serra, Lula
pretende se dedicar a São
Paulo e Minas Gerais.
No fim de semana, Lula
participou de dois comícios
na Grande São Paulo ao lado
de Dilma e Mercadante. Hoje,
fará campanha na porta de
uma fábrica em São Bernardo do Campo acompanhando os candidatos petistas ao
governo e à Presidência.
Além disso, o presidente
cobrou da campanha petista
que crie "fatos políticos" para tentar uma virada de Mercadante sobre Alckmin.
O último levantamento do
Datafolha em São Paulo
aponta uma larga vantagem
de Alckmin: 54% contra 16%
de seu adversário do PT.
Lula não só aposta em
uma virada como cobrou dos
petistas que defendam uma
vitória já no primeiro turno.
Questionado se o apoio de
Lula -que também tem sido
a estrela da propaganda de
Mercadante na TV- poderia
ajudar seu adversário, Alckmin desconversou.
"Eu falo com os eleitores,
não falo com o concorrente.
A receptividade na rua é muito boa. O que nós vamos fazer
é acelerar nesses próximos
30 dias", disse o tucano.
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