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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
"Guerrilheiro" da internet petista incomoda caciques
Marcelo Branco engaja militância na rede, mas sofre resistência no PT
Roupas extravagantes e cabelos longos são a marca do responsável pela comunicação de Dilma nas redes sociais
FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO
Marcelo Branco apareceu
para a entrevista, num hotel
em São Paulo, de calça arroxeada, camisa polo de manga comprida estampada com
caracteres garrafais e tênis lilás com cadarço cor de vinho.
Pulseira de miçangas,
anéis e brinco de argola, normalmente encoberto pela cabeleira revolta quase na altura dos ombros, complementam o conjunto.
A estampa do coordenador de mídias sociais da campanha de Dilma Rousseff
(PT) acolhe uma identidade
que, no calor das refregas políticas, torna-se desdobrável.
"Quem está falando agora
é o Marcelo da campanha da
Dilma. No Twitter é uma expressão individual, o Marcelo que tem suas opiniões",
diz. Quase autodefesa, a confusão surge do modo como
Branco conduz sua queda de
braço com políticos petistas.
Cardeais do partido chiam
com a libertinagem do interneteiro de Dilma, indomável
no seu bunker no Twitter.
"A política está aprendendo a conviver com o mundo
geek", interpreta.
Branco age sem combinar
com a coordenação política
e, toda vez que causa desconforto, defende-se dizendo
que emitiu uma opinião pessoal, e não pela campanha.
Foi assim quando criticou
a decisão de Dilma de não ir a
um debate de um grupo de
portais na internet.
Noutras vezes, por mais
que o tom incomode, sua
guerrilha agrada ao PT -como ao acusar a TV Globo de
fazer propaganda subliminar
para José Serra (PSDB).
Cardeais do partido já tentaram rifá-lo. Só conseguiram tirá-lo dos canais oficiais
-o site e o Twitter de Dilma
são subordinados a Rui Falcão, coordenador de comunicação da campanha.
O enquadramento parece
ter amplificado a figura de
Branco, que, ao pôr sua cara
nas redes sociais, fundiu sua
imagem à de Dilma.
E, com o respaldo da candidata, escapou da degola.
O convite para que entrasse na campanha partiu de
Dilma. Eles se conheceram
no governo de Olívio Dutra
no RS (1999-2002), do qual
ela foi secretária de Minas,
Energia e Comunicações e
ele, vice da Procergs (empresa estadual de informática).
Branco, 49, participou da
fundação do PT de Porto Alegre, sua cidade natal. Não
concluiu engenharia elétrica, mas tem um currículo de
30 anos no setor de TI (tecnologia da informação). Além
da Embratel e órgãos públicos gaúchos, trabalhou para
uma fundação em Barcelona, foi consultor de empresas
e, até assumir a atual função,
dirigia a Associação Software
Livre e a edição brasileira da
Campus Party, megaevento
de internautas.
Reencontrou Dilma em
Brasília em 2005, quando foi
consultor do Planalto na elaboração da proposta brasileira para a Cúpula Mundial da
Sociedade da Informação.
Branco tem contrato até o
fim da eleição. Não revela o
valor. No PT, diz-se que ganha em torno de R$ 50 mil de
salário, fora verba para manter uma equipe de 15 pessoas.
COLABORATIVO
No Twitter, ele agita a militância e faz o que chama de
"coberturas colaborativas"
de eventos de campanha.
Do confronto das candidaturas adversárias, sobram
acusações, de baixarias a uso
de robôs para amplificar
mensagens de apoio.
As críticas são até amenas
perto do fogo amigo que
Branco recebe de políticos do
PT. "Ele se atribui mais importância do que tem", cutuca um cardeal do partido.
"Se ele acha que [pela ligação com Dilma] tem costas
quentes, está muito enganado", dispara outro dirigente.
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