São Paulo, terça-feira, 23 de agosto de 2011

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PMDB e PR perdem diretorias em Furnas

Governo só preservou os nomes indicados pelo PT; troca amplia a insatisfação dos peemedebistas com o Planalto

Mudança desagradou o presidente interino do PMDB, Valdir Raupp, e os líderes Romero Jucá e Henrique Eduardo Alves

LEILA COIMBRA
DO RIO
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

O governo federal desalojou dois dos três partidos aliados que comandavam diretorias em Furnas: PMDB e PR. Na estatal, restaram apenas dois indicados pelo PT.
A empresa, de economia mista e capital fechado, é controlada pela Eletrobras e atua na geração e transmissão de energia em 11 Estados.
Ontem, o conselho de administração da companhia fez uma reforma em sua cúpula, com a saída de Luiz Henrique Hamann, da área financeira; Mario Márcio Rogar, diretor de Engenharia; e Márcio Antônio Arantes Porto, de Construção.
Hamann e Porto são indicações do PMDB. Rogar é ligado ao PR. Foram mantidos na cota petista Fernando Paroli Santos, diretor de Gestão Corporativa, e o diretor de Operação do Sistema e Comercialização de Energia, Cesar Ribeiro Zani.
A troca reforça a lista de insatisfações do PMDB e ocorre no momento em que o Planalto tenta convencer o PR a voltar ao bloco governista.
O presidente de Furnas, Flavio Decat, diz que escolheu os novos diretores. São pessoas ligadas a ele ao longo de sua carreira no setor.
Integrantes do Planalto dizem que a definição teve a bênção do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e da presidente Dilma Rousseff, que deu carta branca a Decat.
"Eu discordo do tom [desalojar]. Prefiro crer que fui colocado aqui para fazer uma gestão técnica e profissional.
Não tenho nada contra os que saíram", disse Decat à Folha.
As diretorias de Engenharia e Construção foram reunidas em uma, a de Expansão.
Ela será comandada por Márcio Abreu, ex-diretor técnico executivo de Itaipu.
"Havia uma redundância e acabava que ninguém se responsabilizava pelas obras."
Uma nova diretoria foi criada, a de Planejamento, Gestão de Negócios e Participações. Ficará com Olga Simbalista, atual assessora da presidência da Eletrobras.
A diretoria de Finanças ficará com Nilmar Foletto, funcionário de carreira, que já trabalhou na Eletronuclear e estava na Light.
No início do ano, Dilma pretendia levar Decat para a Eletrobras, mas a crise em Furnas, com a circulação de dossiês e acusações entre petistas e peemedebistas, a fez rever a escolha.

INSATISFEITOS
As mudanças na estatal irritam o PMDB. Os mais insatisfeitos são o próprio presidente interino da sigla, Valdir Raupp (RO); o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR); o líder da bancada, deputado federal Henrique Eduardo Alves (RN), e o deputado Eduardo Cunha (RJ).
Na diretoria de Construção, Marcio Porto era indicação de Raupp, enquanto o Luiz Hamann tinha o aval de Jucá. Alves e, principalmente, Cunha, eram donos da indicação de Carlos Nadalutti Filho, presidente de Furnas até a nomeação de Decat.
A avaliação de peemedebistas ouvidos pela Folha é que, se Dilma quer fazer uma "faxina" no setor, toda a diretoria tem que ser trocada.

Colaborou MARIA CLARA CABRAL, de Brasília


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