São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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Emergentes admitem que não vão escapar de crise

Para FMI e Banco Mundial, países estão menos preparados do que em 2008

Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul estão preocupados com queda dos preços das commodities e câmbio

LUCIANA COELHO

DE WASHINGTON

Desta vez, os países emergentes não escaparão da crise econômica mundial caso ela se agrave, disseram ontem os ministros da Economia dos Brics e os chefes do FMI e do Banco Mundial.
Após dias de foco nas economias avançadas, a atenção na reunião anual do FMI, em Washington, recaiu ontem sobre os emergentes.
Do lado dos próprios países, há uma preocupação com a queda dos preços das commodities e o câmbio.
Do lado dos organismos internacionais, adverte-se contra a queda da demanda e o protecionismo nos países que puxaram a recuperação da economia global após as turbulências de 2008.
"Se essa crise se agravar, ela vai envolver os Brics e os países emergentes menos avançados", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao lado de seus colegas dos Brics -Rússia, Índia, China e África do Sul.
"Corremos o risco de uma redução do comércio mundial. O preço das commodities está caindo, o que vai enfraquecer o crescimento dos nossos países, e corre-se o risco de termos uma crise de grandes proporções", afirmou Mantega.
Os prospectos para a economia mundial, segundo o FMI, não são bons. "Vemos risco de piora no horizonte", afirmou a diretora-gerente do fundo, Christine Lagarde.
Embora Mantega tenha considerado a desvalorização das moedas dos emergentes "normal" -o dólar no Brasil avançou quase 19% no mês- por ora, ele admitiu que "não se sabe a que nível [a queda] vai chegar".
Seu colega indiano, o ministro Pranab Mukherjee, porém, acha que "o peso dos países emergentes cresceu, e suas moedas deveriam se apreciar". A rupia, moeda indiana, registrou ontem sua pior queda em 15 anos.

DESPREPARADOS
Para o americano Robert Zoellick, à frente do Banco Mundial, "os países em desenvolvimento não estão tão bem como em 2008 para aguentar outro choque".
"Seus orçamentos não estão tão robustos a ponto de eles saírem gastando para resolver o problema, alguns estão caminhando em uma corda bamba de política monetária, com as pressões inflacionárias de um lado e esses novos riscos [de outro]."
Já para o FMI, os emergentes tampouco estão fazendo o que considera a sua parte -estimular a demanda.
Outro risco levantado é o de um aumento do protecionismo, que atravancaria o comércio global e poderia retardar a recuperação.
Os Brics, porém, disseram estar comprometidos a derrubar barreiras.
"Sempre que a economia mundial entra em crise, temos uma depressão dos mercados, e aumenta a tentação de medidas protecionistas. Temos de combatê-las", afirmou Mantega. Ele negou que o aumento do IPI sobre os carros importados no Brasil contrarie essa promessa.


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