São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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ANÁLISE

Votação de 2010 não assegura, por si só, visibilidade política à ex-presidenciável

ALDO FORNAZIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Marina Silva vive um paradoxo político que só é explicável pela crise por que passam o sistema representativo e o próprio sistema partidário: conquistou quase 20% do eleitorado brasileiro nas eleições presidenciais e nem sequer dispõe de uma legenda para que pessoas de seu grupo político disputem as eleições municipais de 2012.
Na verdade, o que ocorre com a política é que o sistema representativo e os partidos se separaram de tal forma da sociedade e dos eleitores para se tornarem quase que exclusivamente máquinas de poder orientadas para alcançar determinados interesses, que nem sempre são expressão do bem comum.
Seria natural que Marina buscasse a construção de nova candidatura presidencial para 2014, por dois motivos: a) pela votação que obteve; b) porque existe um eleitorado disponível que quer engajar-se em torno de uma nova agenda, com os seguintes pontos: desenvolvimento sustentável, energias limpas, moralidade e espaços de participação política.
Os partidos atuais, dominados por oligarquias políticas, são pouco permeáveis a isso, o que explica as dificuldades que Marina enfrenta.
Uma alternativa seria a de construir um novo partido. Mas é tarefa difícil sem recursos institucionais de poder. O maior complicador para Marina é que os milhões de votos que ela conseguiu não são um ativo estocável.
Sem partido e sem estrutura de poder, ela encontra dificuldades em permanecer politicamente ativa, com visibilidade nacional.
Ou seja, Marina precisa encontrar uma forma de manter um poder de convocação política das pessoas, especialmente de jovens, para que sua agenda possa prosperar como alternativa política possível.
Neste momento, a ex-senadora parece enfrentar uma crise na capacidade de viabilizar esta forma.

ALDO FORNAZIERI é diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.


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