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Investigação sobre dilmistas é arquivada
Procuradoria põe fim a procedimento que apurava participação de aliados da petista em fraude no Luz para Todos
Procurador alegou que TCU acatou argumentos dos responsáveis pelos problemas; ministra do STJ lamentou a decisão
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal arquivou em definitivo o
único procedimento que
apurava a participação de
aliados da candidata do PT à
Presidência, Dilma Rousseff,
em fraude no programa Luiz
Para Todos no Piauí.
Alvos da Operação Navalha, da Polícia Federal, Valter Cardeal, diretor da Eletrobras, e Silas Rondeau, que
sucedeu Dilma no Ministério
de Minas e Energia, estão entre os denunciados pela Procuradoria Geral da República
sob a acusação de formação
de quadrilha e gestão fraudulenta dos recursos do programa Luz para Todos.
Foi nessa investigação que
a Polícia Federal flagrou uma
funcionária da construtora
Gautama, do empresário Zuleido Veras, acusado de comandar o esquema, usando
a entrada privativa do Ministério de Minas e Energia para, segundo a denúncia da
PGR, pagar propina.
DECISÃO DO STJ
Cardeal, Rondeau e outras
12 pessoas denunciadas por
participação no desvio de
verbas escaparam da investigação graças a uma decisão
do STJ (Superior Tribunal de
Justiça), pensada justamente
para acelerar as condenações e evitar a impunidade.
O STJ desmembrou a ação
antes de aceitar a denúncia.
Caberia ao Ministério Público Federal do Piauí ratificar
as acusações da Procuradoria Geral da República no episódio.
Mas isso não ocorreu. Pelo
contrário, um procurador
piauiense sugeriu arquivar a
apuração em junho deste
ano e, na semana passada, a
5ª Câmara do Ministério Público Federal homologou em
definitivo a decisão.
ARQUIVAMENTO
Para arquivar o procedimento, o procurador Leonardo Carvalho Oliveira alegou
que o TCU (Tribunal de Contas da União) havia acatado
as justificativas apresentadas pelos responsáveis pelas
supostas irregularidades nas
obras de distribuição de
energia.
Oliveira não quis falar sobre a decisão, e o Ministério
Público Federal do Piauí informa que não há nenhum
outro procedimento interno
relacionado a irregularidades envolvendo o Luz para
Todos, a construtora Gautama ou que cite a Operação
Navalha.
Responsável pelo inquérito no STJ antes do desmembramento, a ministra Eliana
Calmon lamentou a decisão
de arquivar o caso. "Eram fatos graves que mereciam, pelo menos, serem investigados em mais profundidade. O
fato do TCU ter aprovado as
contas não tem nada a ver.
Não havia condição da empresa [Gautama] ganhar licitação, foi direcionada", disse, lembrando que há registro de beneficiários do Luz
para Todos que pegaram em
enxadas para executar parte
das obras por conta própria.
RONDEAU
Rondeau, Cardeal e outros
dois ex-diretores da Eletrobras foram incluído na denúncia da Navalha por terem
concordado com uma série
de aditamentos nos contratos entre a estatal e a empresa de distribuição de energia
do Piauí que teriam beneficiado a Gautama.
Entre os acusados, Valter
Cardeal é o único que permanece na Eletrobras como diretor de Planejamento e Engenharia, embora a Procuradoria tenha defendido "o
afastamento dos denunciados ocupantes de cargos públicos".
Ontem, a Folha revelou
que escuta da Polícia Federal
indica que Cardeal atuou
contra uma investigação da
CGU (Controladoria-Geral da
União) na Eletrobras sobre irregularidades no mesmo
programa. Procurado, ele
afirmou que a CGU reviu a
suspeita de irregularidade no
Luz para Todos, mas negou
que isso tenha ocorrido por
interferência dele.
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