São Paulo, terça-feira, 23 de novembro de 2010

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Dilma já começa a procurar substituto para Meirelles

Em reunião com Mantega, presidente eleita decide mudar a chefia do BC

Alexandre Tombini, diretor de Normas do banco, e Fábio Barbosa, presidente da Febraban, são os mais cotados

NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

A presidente eleita, Dilma Rousseff, já começou a procurar um substituto para comandar o Banco Central no lugar de Henrique Meirelles.
Segundo a Folha apurou, a petista discutiu ontem nomes com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em uma reunião na Granja do Torto convocada justamente para tratar da substituição.
Dilma baterá o martelo sobre a sucessão no BC ao lado de Mantega, o primeiro integrante da equipe econômica a receber o convite para permanecer no cargo.
A futura presidente resolveu trocar a chefia do banco após considerar que a mudança não geraria abalo ao equilíbrio macroeconômico.
Pesou também na decisão a avaliação de que a permanência de Meirelles significaria, simbolicamente, que é o único fiador da estabilidade e, portanto, insubstituível.
O objetivo de Dilma é acertar o novo nome até amanhã para cessar as especulações.
A busca é por alguém com trânsito e respeito no mercado financeiro.
Duas opções foram consideradas ontem: Alexandre Tombini (diretor de Normas do BC) e Fábio Barbosa (presidente do Santander e da Febraban). A primeira alternativa, uma solução caseira, é considerada a mais forte.
No governo, Tombini é considerado um profissional preparado e competente.
Barbosa, mais próximo a Dilma, atuou a seu lado no Conselho de Administração da Petrobras até a renúncia da petista para disputar as eleições deste ano. Em 2002, foi um dos cotados para assumir o gabinete hoje ocupado por Henrique Meirelles, mas recusou convite de Lula.
Meirelles terminou a semana passada ainda cotado para ficar no cargo -uma das possibilidades era ele assumir um mandato-tampão até o primeiro semestre.
No entanto, a possível permanência perdeu força nos últimos dias. Dilma não gostou de saber que Meirelles imporia condições de autonomia para continuar. Um dos coordenadores da transição, Antonio Palocci acionou o presidente do BC para pedir esclarecimentos. Meirelles negou ter feito imposições.
Uma conversa entre Meirelles e Dilma ainda está prevista para ocorrer hoje ou amanhã. Mas a reunião de ontem no Torto parece ter selado de vez a substituição.
Os principais nomes da equipe de transição não esperam sobressaltos com a troca de Meirelles. Ponderam que o perfil escolhido não fugirá do atual.
O mercado advoga por um nome que seja um contraponto à política fiscal expansionista empreendida na gestão Guido Mantega, e teme uma interferência nociva da presidente eleita sobre os passos do Banco Central.
Gostaria, portanto, da manutenção de Meirelles no posto.


Colaboraram VALDO CRUZ e SHEILA D'AMORIM, de Brasília


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