São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE

Adesão do prefeito ao PSB pode criar a "terceira via" entre petistas e tucanos

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Depois de quase duas décadas de hegemonia do binômio PT-PSDB na política nacional, a eventual associação de Gilberto Kassab ao PSB pode significar o nascimento de uma terceira via em 2014.
Como em política só se faz previsões sobre fatos passados (segundo ensina a antiga e sábia anedota brasiliense), não há como garantir o êxito da operação em curso. Mas trata-se de uma semente da qual pode nascer uma agremiação com músculos para disputar eleições nacionais.
O PSB tem força no Nordeste. Comanda seis Estados no país. O presidente nacional da legenda é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de 45 anos. Gilberto Kassab tem 50 anos.
Embora não sejam neófitos em política, estão numa faixa etária abaixo da de outros fortes pretendentes ao Planalto em 2014 -Dilma Rousseff (PT), hoje com 64 anos, e José Serra (PSDB), 68.
Renovação em política nem sempre tem relação com a idade dos envolvidos. Mas é um fator a ser colocado na balança. Foi assim na disputa presidencial de 1989, quando o eleitorado se sentiu saturado de nomes tradicionais como Ulysses Guimarães (1916-1992), o experiente candidato do PMDB que, aos 73 anos, teve menos de 5% dos votos. Naquele ano, ganhou o Planalto o jovem Fernando Collor, então com 40 anos, do inexpressivo PRN.
Se Kassab convencer seus aliados do Sul e do Sudeste a embarcarem em peso no seu projeto, o PSB se robustece onde tem sido mais frágil.
Por enquanto, essa movimentação agrada tanto ao PT quanto ao PSDB. Para os petistas, nada como ter uma terceira força no Sudeste, sobretudo em São Paulo, para facilitar uma renovação política -os tucanos governam São Paulo há 16 anos.
Para o PSDB, é um alívio ver um braço de sustentação do projeto de poder petista estar se descolando da nave-mãe. O PSB foi um fiel aliado de Lula. Em 2010, ajudou Dilma Rousseff ao enterrar a candidatura presidencial de seu filiado Ciro Gomes.
Embora hoje no DEM, Kassab é afilhado político de José Serra. Seu possível desalinhamento do padrinho agrada ao tucano Aécio Neves, que disputa o comando do PSDB com o grupo serrista.
O difícil para PSDB e PT será calibrar a abrangência e a força desse eventual novo grupo formado pela dupla Kassab-Campos. Se eles se mostrarem viáveis do ponto de vista nacional, tucanos e petistas podem se arrepender de hoje estarem achando boa toda essa operação.


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