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Servidor do MT vendia madeira, afirma PF
Segundo a advogada do suspeito,
afirmações são fruto de especulação
Ex-secretário-adjunto
de Meio Ambiente era
dono de empresa que
negociava madeira de
manejo, indica relatório
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
O ex-secretário-adjunto da
Sema (Secretaria Estadual de
Meio Ambiente) de Mato
Grosso Afrânio Migliari era
proprietário "de fato" de
uma empresa que vendia
madeiras extraídas de planos
de manejo que ele próprio
"acompanhava e aprovava"
dentro da secretaria.
É o que aponta o relatório
final da investigação da Polícia Federal, ao qual a Folha
teve acesso. A maioria dos
projetos continha "graves irregularidades", diz trecho do
documento do órgão federal.
A empresa pertencente a
Migliari, segundo a PF, é a
Comol Comercial de Madeiras Ltda., com sede em Ourinhos e uma filial em Marília,
no Estado de São Paulo.
Migliari faz parte do grupo
de 60 pessoas que foram detidas na última sexta-feira, pela PF, durante investigação
que aponta irregularidades
em planos de manejo para
extração de madeira.
O documento destaca a
participação de Migliari, que
atualmente ocupava o cargo
de secretário-adjunto de Desenvolvimento Rural, na movimentação de processo de
interesse de madeireiras.
"Afrânio cuidava pessoalmente da movimentação de
processos em tramitação na
Sema de interesse de pessoas
próximas a ele, recebia constantemente ligações de integrantes do Sindicato dos Madeireiros de Sinop sobre assuntos relativos à questão
ambiental", diz o relatório.
A PF diz que ele se valia do
cargo para "conseguir clientes" para a empresa de geoprocessamento Mapear Imagens e Projetos Ambientais
Ltda., de Gabriel Mancilla
(ex-coordenador de geoprocessamento da Sema) e
Amauri Lopes de Carvalho
(cunhado de Migliari).
"Há fortes indícios de que
Afrânio é proprietário de fato
da empresa e recebia vantagem indevida para dar maior
celeridade aos processos de
interesse dos clientes da Mapear", diz a PF no relatório.
O documento cita diversos
trechos de interceptações telefônicas do ex-secretário-adjunto. Para a PF, o monitoramento de Migliari deu "novo rumo" à investigação.
A advogada de Migliari,
Julia Garcia, diz que as afirmações que constam do relatório são "fruto de especulação". "Não há um diálogo
conclusivo nem sequer uma
prova contundente contra
ele", afirmou Garcia.
JURUPARI
A Operação Jurupari, deflagrada pela PF na última
sexta-feira, investigou um
suposto esquema de fraudes
em licenciamentos e planos
de manejo florestal.
A finalidade do esquema
era legalizar madeira extraída ilegalmente de terras públicas e indígenas, assentamentos e unidades de conservação em Mato Grosso.
Foram expedidos 91 mandados de prisão preventiva.
Até sexta, 60 pessoas haviam
sido presas em seis Estados e
no Distrito Federal.
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