São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2010

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Servidor do MT vendia madeira, afirma PF

Segundo a advogada do suspeito, afirmações são fruto de especulação

Ex-secretário-adjunto de Meio Ambiente era dono de empresa que negociava madeira de manejo, indica relatório

RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ

O ex-secretário-adjunto da Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente) de Mato Grosso Afrânio Migliari era proprietário "de fato" de uma empresa que vendia madeiras extraídas de planos de manejo que ele próprio "acompanhava e aprovava" dentro da secretaria.
É o que aponta o relatório final da investigação da Polícia Federal, ao qual a Folha teve acesso. A maioria dos projetos continha "graves irregularidades", diz trecho do documento do órgão federal.
A empresa pertencente a Migliari, segundo a PF, é a Comol Comercial de Madeiras Ltda., com sede em Ourinhos e uma filial em Marília, no Estado de São Paulo.
Migliari faz parte do grupo de 60 pessoas que foram detidas na última sexta-feira, pela PF, durante investigação que aponta irregularidades em planos de manejo para extração de madeira.
O documento destaca a participação de Migliari, que atualmente ocupava o cargo de secretário-adjunto de Desenvolvimento Rural, na movimentação de processo de interesse de madeireiras.
"Afrânio cuidava pessoalmente da movimentação de processos em tramitação na Sema de interesse de pessoas próximas a ele, recebia constantemente ligações de integrantes do Sindicato dos Madeireiros de Sinop sobre assuntos relativos à questão ambiental", diz o relatório.
A PF diz que ele se valia do cargo para "conseguir clientes" para a empresa de geoprocessamento Mapear Imagens e Projetos Ambientais Ltda., de Gabriel Mancilla (ex-coordenador de geoprocessamento da Sema) e Amauri Lopes de Carvalho (cunhado de Migliari).
"Há fortes indícios de que Afrânio é proprietário de fato da empresa e recebia vantagem indevida para dar maior celeridade aos processos de interesse dos clientes da Mapear", diz a PF no relatório.
O documento cita diversos trechos de interceptações telefônicas do ex-secretário-adjunto. Para a PF, o monitoramento de Migliari deu "novo rumo" à investigação.
A advogada de Migliari, Julia Garcia, diz que as afirmações que constam do relatório são "fruto de especulação". "Não há um diálogo conclusivo nem sequer uma prova contundente contra ele", afirmou Garcia.

JURUPARI
A Operação Jurupari, deflagrada pela PF na última sexta-feira, investigou um suposto esquema de fraudes em licenciamentos e planos de manejo florestal.
A finalidade do esquema era legalizar madeira extraída ilegalmente de terras públicas e indígenas, assentamentos e unidades de conservação em Mato Grosso.
Foram expedidos 91 mandados de prisão preventiva. Até sexta, 60 pessoas haviam sido presas em seis Estados e no Distrito Federal.


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