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Ação da PF para proteger fronteira no AM perde força
Operação Cobra, que age contra o tráfico na divisa com a Colômbia, está com apenas 4 dos 9 postos na ativa
Sindicato de policiais federais do AM diz que apreensão de cocaína diminuiu com a falta de estrutura da operação
KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
A Operação Cobra, criada
há dez anos para combater o
tráfico na fronteira do Brasil
com a Colômbia, está a caminho da extinção.
A região é uma das mais visadas por narcotraficantes ligados às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). É também o principal ponto de entrada de drogas colombianas destinadas
aos EUA e à Europa.
A operação, que foi criada
em 2000 e abrigou mais de
cem policiais, tem hoje apenas 20. De 2008 para cá, 5 dos
9 postos da Polícia Federal
na fronteira foram fechados.
Uma décima unidade, prevista no início da operação,
nunca foi implantada.
Os postos fechados ficam
na área mais tensa da fronteira, conhecida como Cabeça
do Cachorro, próxima a São
Gabriel da Cachoeira (AM). É
por ali que guerrilheiros das
Farc fazem incursões no território brasileiro.
O traficante colombiano
José Samuel Sánchez, por
exemplo, preso neste mês pela PF, utilizava a região como
ponto de entrada e saída para drogas, alimentos e remédios para a guerrilha.
INVESTIMENTO
A Operação Cobra custou
ao governo federal cerca de
R$ 35 milhões, investimento
que incluiu a compra de um
avião e de um helicóptero.
Hoje, porém, os policiais
não contam com nenhuma
das aeronaves, que foram
deslocadas para outras funções. Segundo um agente, a
polícia vê o tráfico aumentar
sem poder fazer nada.
A região também está sem
o prometido apoio do projeto
Vant, que colocaria aviões
não tripulados israelenses
para vigiar as fronteiras da
Amazônia. O projeto deveria
ter começado em março, mas
não entrou em vigor.
Para Nelson Oliveira, presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Amazonas, o recrudescimento da
Operação Cobra acarretou na
queda das apreensões de cocaína na fronteira.
De 2005 a 2008, a média da
droga apreendida por ano
era de 2,3 t. Em 2009, o número baixou para 1,3 t e, neste
ano, está em 687 kg.
"A situação é a pior possível. A falta de estrutura fragilizou o combate ao narcotráfico", afirma Oliveira, para
quem a Operação Cobra perdeu o perfil investigativo.
O aumento da criminalidade na fronteira levou o Amazonas a cobrar a falta de segurança do governo federal.
Em dezembro, a pedido do
Estado, foram destacados
cem policiais da Força Nacional de Segurança para realizar ações repressivas onde a
Cobra deixou de operar.
"Por que aparelhar a Força
Nacional de Segurança, e
não a Polícia Federal?",
questiona Oliveira.
O cientista político Ricardo Bessa, professor da Ufam
(Universidade Federal do
Amazonas), diz que o controle da fronteira brasileira é
uma questão constitucional.
"O traficante passa com a
cocaína como se fosse pescador. Se é impossível reprimir
o tráfico, que o governo convoque o Exército", afirmou.
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