São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 2011

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OS NEGÓCIOS DO MINISTRO

Estrelas do PT defendem Palocci para esfriar crise

Planalto veta divulgação de clientes do ministro para não alimentar oposição

Ministro da Justiça diz que chefe da Casa Civil merece benefício da dúvida e que suspeitas são "palavras ao vento"

Marcelo Camargo/Folhapress
A partir da esq., Jaques Wagner (BA), Marcelo Déda (SE), Ruy Falcão, presidente do PT, Agnelo Queiroz (DF) e Tião Viana (AC), durante reunião

RANIER BRAGON
VALDO CRUZ

DE BRASÍLIA

Oito dias depois da revelação de que o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, multiplicou seu patrimônio trabalhando como consultor de empresas, algumas das principais estrelas do PT saíram ontem em defesa do ministro para esfriar a controvérsia em torno dos seus negócios.
Reunidos em Brasília com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, os cinco governadores do partido se manifestaram contra a ida de Palocci ao Legislativo para se explicar a deputados e senadores, como defende a oposição.
"O Congresso é uma casa mais política do que um local próprio de investigação. Se quer esclarecimento, o melhor caminho é o Ministério Público", disse Jaques Wagner (BA). "O único fato é o faturamento da empresa por um ano, fora isso não tem nenhum fato anormal."
O Planalto orientou ministros e dirigentes petistas a defender Palocci, que se recusa a divulgar a lista de clientes e o faturamento de sua empresa de consultoria, a Projeto.
Segundo a Folha apurou, a equipe da presidente Dilma Rousseff avalia que divulgar nomes agora seria "dar munição" à oposição, que, para assessores, passaria a fazer "ilações" contra o governo.
Na sexta-feira passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu explicações a Palocci e deu 15 dias para ele se pronunciar.
Como a Folha revelou, a consultoria de Palocci faturou no ano passado R$ 20 milhões, dos quais metade em novembro e dezembro, entre o fim da campanha presidencial e a posse de Dilma.
Palocci trabalhou como consultor nos últimos quatro anos, período em que exerceu o mandato de deputado federal e chefiou a campanha de Dilma. Ele diz que não cometeu irregularidades.
Em São Paulo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse não ver razão para que se duvide de Palocci.
"Estamos sujeitos à inversão da regra "na dúvida, em favor do réu", do direito penal", afirmou Cardozo. "Parece que no mundo da política vige a ideia: "Na dúvida, pau no réu"."
O ministro classificou como "palavras ao vento" as suspeitas despertadas pelos ganhos de Palocci em 2010.
No sábado, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu saiu em defesa de Palocci, quase uma semana após o início do caso. Em seu blog, disse que tudo não passa de "mais uma crise forjada".


Colaborou FLÁVIO FERREIRA, de São Paulo


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