São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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ANÁLISE

Para os tucanos, pior que os números, é a prova de que tática atual não funciona

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

A pesquisa Ibope sobre intenção de voto para presidente representa uma péssima notícia para a oposição. Menos pelos números apurados e mais pelo que projeta como cenário futuro.
O candidato do PSDB, José Serra, fez todos os movimentos possíveis neste mês para alavancar seu projeto presidencial. Apareceu como estrela única no programa partidário de dez minutos em rede nacional de rádio e TV. Foi o protagonista de dezenas de comerciais de 30 segundos.
Ainda assim, apareceu com 35%, contra 40% de Dilma Rousseff (PT) no Ibope.
Serra disse logo no início de seu programa na TV que vai dar continuidade ao Bolsa Família. De maneira cirúrgica, em suas entrevistas, critica o governo e sempre preserva o presidente Lula.
Esse delicado equilíbrio no discurso tem sido suficiente para segurar o tucano nos últimos meses no patamar dos 35%. Mas a tática se mostra imprópria para impedir o avanço de Dilma, ancorado no crescimento da economia e na popularidade de Lula.
Pior um pouco para o PSDB: houve agora uma demonstração prática de que, quando Dilma vai à TV ao lado de Lula, sobe. Foi o que se passou em maio. Já Serra, ao adotar um caminho semelhante (não tem Lula), não conseguiu impulso extra.
Há também um aspecto de marketing local não muito explorado. PSDB e seus aliados DEM, PPS e PTB concentraram suas propagandas para a atual fase da campanha. O PT preferiu diluir seus comerciais ao longo do ano. Também separou o que era mídia nacional da regional.
Enquanto Serra aparecia em mídia nacional neste mês, Dilma também estava presente em comerciais regionais do PT em vários Estados. Pelos cálculos do QG dilmista, a candidata de Lula atingiu quase 80% do eleitorado com essas inserções.
Quando se observa o percentual de 35% conquistado por Serra, não se pode afirmar que é uma marca ruim. O problema não é esse. A equação ainda não resolvida é como fazer para crescer e estancar o avanço da candidata do PT. Apresentar-se na TV como alternativa não teve a eficácia desejada pelo PSDB.


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