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PF investiga mandante de quebra de sigilo de tucanos
Testemunha afirma que encomenda de dados de dirigente tucano partiu de Brasília; investigação refez cadeia de comando
ANDRÉA MICHAEL
CLÁUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
A Polícia Federal já descobriu como as declarações de
renda do dirigente tucano
Eduardo Jorge Caldas Pereira
saíram da Receital em Mauá,
onde foram obtidas de maneira ilegal, e chegaram até
São Paulo, no dia 8 de outubro do ano passado.
Agora investiga o autor da
encomenda, que teria vindo
de Brasília especialmente para buscar as pesquisas de dados fiscais.
As declarações de EJ, conforme a Folha revelou, foram
incluídas em dossiê preparado pelo "grupo de inteligência" criado durante a pré-campanha da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff.
De acordo com os depoimentos colhidos pela polícia,
o office-boy Ademir Cabral
encomendou algumas cópias de declaração de Imposto de Renda, entre as quais a
de EJ, ao despachante Antonio Carlos Atella, que, por
sua vez, repassou o pedido
ao office-boy Fernando Araújo Lopes.
Lopes, então, acionou seu
"contato" na unidade da Receita em Mauá, a quem já havia recorrido para outros
"serviços": a servidora do
Serpro (o serviço de processamento de dados do governo federal) cedida ao fisco
Adeildda dos Santos.
Na data marcada para a
entrega, dia 8 de outubro, Lopes teve de fazer uma cirurgia dentária. Pediu, então, à
mulher, Gláucia Alves dos
Santos, que encontrasse
Adeildda em Mauá para buscar um envelope com os documentos.
De volta a São Paulo, Gláucia entregou o envelope a
Atella em um bar. Cabral
também estava no local.
PREÇO DOS DADOS
Em depoimento no último
dia 20, Gláucia afirmou que o
"dono da encomenda" era de
Brasília e veio a São Paulo somente para buscar as pesquisas solicitadas, mas não soube dizer seu nome. Afirmou
ainda que recebeu R$ 1.200
pelo envelope.
Ouvido no mesmo dia, seu
marido, Lopes, disse que cobrou R$ 150 por cada cópia
de declaração e que não se
lembrava exatamente quanto recebeu pelo negócio, pois
não sabia quantas cópias foram entregues.
Em acareação na Polícia
Federal anteontem, Atella
afirmou que entregou o envelope a Cabral, que teria então
seguido para um hotel em
São Paulo.
Disse também que o pedido teria sido feito pelo advogado Marcel Schinzari. Cabral e Schinzari negam.
INDICIAMENTOS
Depois de três meses de investigações, com cerca de 40
depoimentos, seis pessoas
foram indiciadas sob acusação de violação de sigilo fiscal, uso de documento falso,
corrupção passiva e ativa.
Fernando Lopes é frequentador assíduo da agência da
Receita de Mauá.
No depoimento que prestou à Polícia Federal, Adeildda afirmou que fornecia para
pelo menos três pessoas
-entre elas Lopes- declarações de renda e dados cadastrais de contribuintes mediante "agrados" entre R$ 50
e R$ 200.
Adeildda também citou o
nome de Danilo (sem sobrenome) e Erick Araújo de Moura, que já foi ouvido e indiciado sob acusação de praticar
os crimes de violação de sigilo fiscal e corrupção ativa.
Moura revendia os dados a
terceiros.
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