São Paulo, sábado, 24 de setembro de 2011

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Mantega admite rever medida cambial

Ministro da Fazenda diz que, se preciso, país poderá revogar imposto sobre investimento em dólar e captações externas

Dólar recuou 3,5%, para R$ 1,829, depois de passar de R$ 1,96 na véspera e provocar intervenção do BC


LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Diante da forte alta do dólar nos últimos dias, o ministro Guido Mantega (Fazenda) sinalizou que não descarta revogar impostos fixados para restringir a entrada da moeda norte-americana no país.
Segundo o ministro, medidas adotadas ao longo do ano pelo governo -que incluem taxas maiores sobre empréstimos feitos no exterior, investimentos de estrangeiros e aplicações cambiais- poderão ser revistas.
"São medidas regulatórias feitas justamente para isso: colocamos e, quando não é mais necessário, tiramos", afirmou Mantega, que participa da reunião anual do Fundo Monetário Internacional, em Washington.
Ontem, o dólar fechou negociado a R$ 1,829, com queda de 3,5% no dia. Na véspera, porém, a cotação chegou a passar de R$ 1,96.
Em reportagem publicada ontem, a Folha informou que o governo já estuda rever as medidas cambiais diante do novo cenário global.
Durante boa parte do ano, a forte entrada de dólares no Brasil fez com que o real se valorizasse com muita força. Em julho, a moeda chegou a ter queda de 7,7% no ano.
A preocupação com variações bruscas do câmbio e com a indústria local, que sofre com as importações, fez com que o governo criasse barreiras à entrada de dólares.
Agora, porém, esse fluxo se inverteu. A piora generalizada do cenário faz com que investidores busquem refúgio na moeda americana.
Apenas neste mês, o dólar já subiu 15% no Brasil.

INTERVENÇÕES
A forte alta da moeda na quinta-feira fez com que o BC interviesse no mercado oferecendo dólares, o que não ocorria desde 2009.
Segundo o presidente do BC, Alexandre Tombini, haverá intervenção sempre que preciso. "Toda vez que sentirmos necessidade, o BC estará lá para garantir a tranquilidade do mercado."
O ministério da Fazenda trabalha com dois cenários, ambos ruins. Um é de crise crônica na Europa e nos EUA, com crescimento anêmico.
Nesse caso, os países emergentes ainda cresceriam, escorados na demanda interna.
No outro cenário, de piora maior da economia europeia e americana, os emergentes seriam mais prejudicados.
Mantega garantiu que o Brasil está preparado para a crise. E disse que as ferramentas estão mais ligadas à política monetária, e não à fiscal.


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