São Paulo, sábado, 24 de setembro de 2011

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ANÁLISE

Dólar não serve para aplicação nem ameaça preço de alimentos

APLICAR EM DÓLAR EMBUTE UM RISCO INJUSTIFICÁVEL DIANTE DE OUTRAS OPÇÕES MAIS ATRAENTES, COMO A RENDA FIXA

DENYSE GODOY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Já se passaram quase duas décadas, mas cada nova crise econômica vem relembrar ao brasileiro os tempos de instabilidade como um momentâneo e sobressaltado despertar, na madrugada, de um sonho bom.
Aí, velhos medos e estratégias vêm à mente.
Ao perceber o dólar subindo 15% em menos de um mês, quem tem algum dinheiro guardado logo começa a perguntar ao gerente do banco se é interessante comprar a moeda americana agora, a fim de se resguardar.
Antigamente, a moeda brasileira só perdia valor ante o dólar, então colocar recursos na divisa americana de fato significava auferir lucros. Era possível inclusive fazer uma estimativa de ganhos futuros.
Nesse ponto (porém não apenas), a situação, hoje, não poderia estar mais diferente.
Com o câmbio livre, flutuando ao sabor das entradas e saídas de dinheiro do país, fica bastante complicado prever o comportamento das cotações, especialmente em meio a uma turbulência global de proporções incertas.
E o próprio Banco Central sinalizou que vai atuar para impedir uma disparada da moeda americana.
Aplicar em dólar embute, assim, um risco injustificável diante de outras opções como a renda fixa.
Afinal, os juros pagos pelos títulos públicos e bancários continuam muito atraentes, e há ferramentas adequadas de proteção contra a inflação ao alcance do pequeno investidor.
No que diz respeito ao consumo, pesquisar preços e substituir estabelecimentos e marcas que estão aumentando os valores excessivamente é a tática que sempre dá mais resultados.
Segundo os especialistas, não existe motivo para pânico e menos ainda para aumentos generalizados nos alimentos, embora alguns itens tenham sua matéria-prima negociada em dólar no mercado internacional, como os grãos e cereais.
Na realidade, os preços dessas commodities vêm caindo. Também é preciso esperar para ver onde a moeda americana vai se estabilizar, e considerar que diversos outros fatores influem no custo final das mercadorias.
Ademais, a atividade brasileira está se desacelerando, o que dificultaria o repasse para o consumidor de eventuais elevações.
Pelas contas dos estudiosos, o impacto da valorização do dólar nos produtos do supermercado, se existir, só começa a aparecer em novembro, e se diluiria pelos seis meses seguintes. Nenhum choque à vista, portanto.

DENYSE GODOY escreve o blog "Ganhar, gastar, guardar", na Folha.com.



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