São Paulo, sábado, 24 de setembro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
FOCO Dirceu lança livro e marca palestras para voltar à cena Petista se diz vítima de conspiração contra Lula e sonha em retornar às urnas em 2014 BERNARDO MELLO FRANCO DE SÃO PAULO "O Zé é uma espécie de Che Guevara brasileiro." Foi assim que o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) apresentou o ex-ministro José Dirceu a cerca de cem sindicalistas que se reuniram ontem de manhã para ouvi-lo, na sede da Força Sindical. Seis anos depois de ser derrubado da Casa Civil e cassado na Câmara, o petista acusado de chefiar o esquema do mensalão voltou a sonhar com o retorno à cena política. Ele marcou uma série de palestras e noites de autógrafos pelo país para se promover e badalar o livro "Tempos de planície" [Alameda Editorial, 376 págs., R$ 44], que lançará dia 28 em Brasília. Na obra, obtida pela Folha, Dirceu se apresenta como mártir de uma "campanha política e midiática" para "derrubar o governo Lula ou impedir sua reeleição". Nas palestras, relembra os tempos de ex-guerrilheiro, exalta feitos do PT e procura demonstrar influência no governo Dilma Rousseff. "Mudei o rosto, fiz plástica, criei um personagem que tinha nascido em Guaratinguetá", afirmou ontem, num resumo autobiográfico. Em seguida, começou a fixar metas para a presidente, como a redução dos juros e o crescimento de 5% ao ano. "O desafio que temos é manter o Brasil crescendo na turbulência internacional. Foi o que a nossa presidenta falou agora na ONU", disse, em tom de cumplicidade. Em 54 minutos, ele ainda citaria Dilma mais oito vezes, referindo-se aos programas de seu governo sempre na primeira pessoa do plural. "O que vamos fazer é a interligação das bacias", disse, sobre as obras de transposição do rio São Francisco. Único de terno e gravata no auditório, Dirceu defendeu a volta da CPMF, mostrou conhecimento sobre bastidores do Ministério da Saúde ("tem dois decretos com a presidenta") e prometeu ajudar Dilma a aprovar a reforma política. No meio da palestra, interrompeu a fala com ar de mistério para atender a uma ligação no celular. "É que eu estou acertando a agenda com o nosso Luiz Inácio Lula da Silva", explicou depois, a uma plateia atônita. "Ele está viajando, está indo para a Europa, e eu vou encontrar com ele." A cena impressionou sindicalistas que esperavam para fazer perguntas. "Posso chamar de ministro, deputado, doutor... qualquer coisa, né?", perguntou Ivo Borges, dirigente da Força Sindical no Pará. Dirceu apenas sorriu. O petista indicou preferência por Fernando Haddad na disputa com Marta Suplicy em São Paulo, mas afirmou que só anunciará seu voto no dia da prévia do partido. Questionado sobre o próprio futuro, disse que espera ser absolvido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para se candidatar novamente. "Eu nunca fui [para fora da política], então não posso deixar de voltar." Texto Anterior: Kassab rebate críticas a julgamento de nova legenda Próximo Texto: Comissão da Verdade: Governo atua para que senadores aprovem texto na semana que vem Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |