|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Com quase 500 mil funcionários, estatais lideram inchaço da máquina na era Lula
Entre 2002 e 2010, quadro funcional próprio das empresas públicas controladas pelo Tesouro Nacional cresceu 30%
Companhias foram levadas ao centro do debate eleitoral pela campanha da candidata petista Dilma Rousseff
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
A ampliação do funcionalismo da administração direta, das autarquias e das fundações se tornou uma das
medidas mais controversas
do governo Lula, mas foi nas
estatais, cujos dados permaneceram quase incógnitos,
que a administração petista
promoveu sua política mais
vigorosa de contratações.
Levadas pela campanha
de Dilma Rousseff ao centro
do debate eleitoral, as 118
empresas controladas pelo
Tesouro Nacional não são
apenas as principais responsáveis pela alta dos investimentos federais em infraestrutura; também superam,
com folga, o aumento conjunto do quadro de empregados de ministérios, Presidência da República, universidades e agências reguladoras.
Em boa parte dos casos, os
gastos com salários e encargos têm crescido mais que as
receitas e os montantes destinados pelas empresas às
obras e ao aumento de sua
capacidade de produção.
Segundo levantamento
feito pela Folha, o quadro de
pessoal próprio das estatais
cresceu 30% do final de 2002
até o ano passado, ou um
contingente de 112 mil funcionários -o grupo Pão de
Açúcar, apontado como
maior empregador privado
do país após a aquisição das
Casas Bahia, tinha 137 mil ao
final de 2009. O total de empregados das estatais chega
a 481.836 pessoas.
Já o quadro de servidores
civis ativos do Poder Executivo, que motivou acusações
de "inchaço" da máquina administrativa, teve expansão
de 14% no mesmo período, o
equivalente a 67 mil contracheques a mais. O quadro
global é de 552,9 mil.
Nos dois casos, o governo
petista colheu dividendos
políticos: entidades do funcionalismo público estão entre as principais bases do
partido, e os empregados de
empresas federais compõem
sindicatos poderosos como
os de bancários e petroleiros.
São justamente as gigantes dos setores bancário e petrolífero -Banco do Brasil,
Caixa Econômica Federal e
Petrobras- que respondem
por dois terços do aumento
do quadro de pessoal das estatais sob Lula. As três são
também protagonistas da
propaganda de Dilma que
atribui tendências privatistas
ao tucano José Serra.
As justificativas oficiais
para o aumento do quadro
no Executivo têm sido mais
ideológicas que administrativas: argumenta-se que Lula
estaria reforçando o papel e a
atuação do Estado, mas até
hoje não foi apresentado um
diagnóstico das eventuais
carências do serviço público.
Sobre as estatais, as explicações são ainda mais vagas.
Documentos do Ministério
do Planejamento afirmam,
sem detalhamento, que o aumento do número de empregados se deve ao crescimento
econômico e à substituição
de funcionários terceirizados. Procurada pela Folha, a
pasta não se pronunciou.
As empresas do grupo Petrobras se valeram da subida
dos preços do petróleo nos
últimos anos, que contribuiu
para a disparada das contratações e dos investimentos
-a ponto de o grupo responder sozinho por 86% do volume total de investimentos
que sustenta o discurso em
favor das estatais.
Os bancos federais se beneficiam da alta rentabilidade do setor financeiro. Na
disputa com Itaú e Bradesco
pelo posto de maior do país,
o BB ganhou cerca de 17 mil
novos funcionários ao absorver Besc e Nossa Caixa, que
antes pertenciam, respectivamente aos governos de
Santa Catarina e São Paulo.
No conjunto das estatais
encabeçado pelo grupo Eletrobras, os gastos com pessoal crescem mais que os investimentos e as receitas.
Texto Anterior: Folha lança na web rádio que opera 24 horas
Próximo Texto: Despesas com terceirizados também sobem Índice | Comunicar Erros
|