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Dilma define área econômica para manter "total controle"
Eleita coloca Alexandre Tombini no BC e Miriam Belchior no Planejamento
Escolha do atual diretor de Normas interrompe série de presidentes do Banco Central vindos
do mercado financeiro
DE BRASÍLIA
A presidente eleita, Dilma
Rousseff, montou uma equipe econômica para ditar e ter
mais influência sobre os rumos da economia do que o
seu criador, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Definiu
seu time com nomes do próprio governo.
Nas palavras de um assessor, ela optou por uma equipe sobre a qual terá "total
controle": Guido Mantega
(Fazenda), Alexandre Tombini (Banco Central) e Miriam
Belchior (Planejamento), cujos nomes serão divulgados
hoje como os primeiros de
seu futuro ministério.
Dilma decidiu manter
Mantega sob a condição de
fazer mudanças na equipe da
Fazenda. Promoveu Tombini
a presidente do BC, quebrando a tradição de requisitar
nomes do mercado financeiro. E pagou uma dívida com
Miriam Belchior, técnica da
confiança do presidente Lula, gerente do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento), mas que nunca havia
chegado ao primeiro escalão.
A petista quer controlar de
perto tanto a Fazenda como o
Banco Central. Por isso, manterá o status de ministro do
presidente do BC, para que a
interlocução com o banco
continue direta com o Palácio do Planalto.
O perfil da equipe de Dilma, mais desenvolvimentista, difere do primeiro time escalado pelo presidente Lula,
que optou pelo caminho ortodoxo, com Antonio Palocci
(Fazenda) e Henrique Meirelles (Banco Central).
No segundo mandato,
com a queda de Palocci depois do escândalo da quebra
de sigilo do caseiro Francenildo Costa, Lula escolheu
um ministro com um perfil
menos conservador, Mantega, mantido por Dilma. Segurou, porém, Henrique Meirelles durante todo seu mandato no BC e chegou a defender
sua permanência.
PRIMEIRO NOME
A presidente eleita, porém, sempre quis trocar Meirelles, o que gerou dúvidas
no mercado sobre como seria
a condução da política monetária. A opção por Tombini, que agrada tanto ao mercado como à equipe de Mantega, é um meio termo.
Mantega foi o primeiro dos
três a ser convidado por Dilma, como a Folha revelou.
Não era seu nome preferido
para comandar a pasta.
Dilma queria o presidente
do BNDES, Luciano Coutinho. Atendeu, contudo, a um
pedido de Lula. Antes, porém, acertou com o atual ministro da Fazenda trocas em
sua equipe. Ela quer uma
pessoa de sua confiança no
comando da Receita Federal,
que tanto lhe deu dor de cabeça durante o governo Lula
e na campanha eleitoral.
Tombini foi o último dos
três a ser confirmado na equipe econômica. Atual diretor
de Normas do BC, sua indicação interrompe a série de presidentes vindos do mercado
durante os governos Fernando Henrique Cardoso e Lula.
Ele pode assumir a presidência interinamente, até ter
seu nome novamente aprovado pelo Senado, agora para comandar o banco.
A presidente eleita fez o
convite ontem, pessoalmente, antes mesmo de se reunir
com Meirelles, atual chefe do
Banco Central e há oito anos
no cargo, o mais longevo titular da instituição.
Dilma, que desde a época
em que era ministra da Casa
Civil defendia a saída de Meirelles, encontrou a fórmula
para rifá-lo e escapar das
pressões de Lula quando o
atual presidente do BC vazou
para a imprensa que impunha condições para se manter no cargo.
Irritada, criou um ambiente que inviabilizou as tentativas de Meirelles para ficar.
Seu futuro na Esplanada dependerá da eleita e de seu
partido, o PMDB.
PRIMEIRA MULHER
Segunda do time a ser chamada, Miriam Belchior será,
no Planejamento, a primeira
mulher no coração da equipe
econômica desde Zélia Cardoso de Mello, a única ministra da Fazenda do país.
Belchior era a preferida de
Lula para suceder Dilma na
Casa Civil, mas perdeu a disputa para Erenice Guerra por
indicação da própria ex-ministra. Agora, a presidente
eleita paga uma dívida com
Belchior, escolhida para ser a
gerente de obras do futuro
governo.
(VALDO CRUZ, NATUZA NERY, RANIER BRAGON, MÁRCIO FALCÃO E EDUARDO CUCOLO)
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