|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministros pressionam Lula a vetar reajuste aos aposentados
Governo quer MP com abono pouco acima dos 6,14% originais
FÁBIO AMATO
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
Ministros da área econômica voltaram a pressionar o
presidente Lula para que vete o reajuste de 7,7% aprovado na semana passada pelo
Senado aos aposentados que
ganham acima de um salário
mínimo. Também sugeriram
a edição de nova medida provisória para reeditar o reajuste original de 6,14%.
Como o governo não pode
sugerir de novo o índice de
6,14%, derrubado no Congresso, o aumento poderia
ser concedido por meio de
abono ou percentual levemente superior ao anterior
-um de 6,15%, por exemplo.
Após a reunião com Lula,
o ministro Paulo Bernardo
(Planejamento), que, junto
com Guido Mantega (Fazenda), defendeu o veto, disse
que o presidente "está propenso a vetar". Auxiliares de
Lula, porém, disseram que
ele permanece indeciso.
A dúvida do governo é o fator eleitoral. Uma nova MP,
com reajuste abaixo dos
7,7%, dará munição para a
oposição e poderá travar votações no Legislativo.
Os ministros defenderam o
veto sob o argumento de que
esse valor pode colocar em
risco as contas públicas e
também por não haver definição sobre de onde viria o
dinheiro para o pagamento.
O presidente precisa decidir se veta ou sanciona o projeto até 1º de junho.
Segundo Paulo Bernardo,
o governo já havia negociado
com centrais sindicais pelo
reajuste de 6,14%. "Se tivermos alternativa de manter
esse compromisso, nós vamos fazer", disse.
Na avaliação do ministro,
no entanto, "ficou muito difícil, porque, vetando, [o governo] não poderá fazer um
novo reajuste".
Segundo a Folha apurou,
Lula recomendou à sua equipe analisar a possibilidade
de promover novos cortes no
Orçamento caso ele decida
manter o reajuste de 7,7%.
Dessa forma, ao divulgar sua
decisão de não vetar, anunciaria ao mesmo tempo a
contenção de gastos.
A dificuldade, nesse caso,
é que o governo acabou de
anunciar um corte de R$ 7,6
bilhões no Orçamento e a
margem para novas contenções ficou muito estreita.
Mantega e Bernardo também afirmaram ontem que já
conseguiram de Lula o veto
ao fim do fator previdenciário, aprovado no Congresso.
Criado em 1999, na gestão
de Fernando Henrique Cardoso -como forma de inibir
aposentadorias precoces e
reduzir o rombo da Previdência-, o fator previdenciário
é, na prática, um redutor do
benefício, conforme tempo
de contribuição e idade.
Texto Anterior: Folha.com Próximo Texto: 87% aprovam mudança gráfica e editorial da Folha Índice
|