São Paulo, sábado, 25 de junho de 2011

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Governo aciona PF para apurar ataques de hackers

Desde quarta, onda de invasões já atingiu ao menos 8 sites de órgãos federais

Policiais usarão sistema que permite cruzar os dados e refazer todos os passos de quem usou uma determinada rede


FERNANDA ODILLA
JOÃO CARLOS MAGALHÃES

DE BRASÍLIA

A Polícia Federal foi acionada pelo governo e já investiga os ataques de hackers que derrubaram ou invadiram ao menos oito sites de órgãos federais desde quarta.
Ontem, os alvos foram o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Ministério da Cultura. Não há informação se dados desses sites foram roubados.
A onda de ataques alardeada pelos hackers afetou também sites da Presidência, Petrobras, Receita, do Ministério do Esporte, do Senado e o portal Brasil.
Além de organizarem ações para sobrecarregar os sistemas e, assim, tirar as páginas do ar, os grupos Lulz Sec e Anonymous divulgaram dados supostamente recolhidos durante os ataques.
Tanto o Ministério do Esporte quanto a Petrobras informaram que não foram roubadas informações de usuários, como senhas e e-mails divulgados pelos invasores. Enquanto o Esporte classificou a invasão de "perimetral", a Petrobras nega violação de sua rede.
O Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) afirma que não acompanhava os grupos de hackers responsáveis pelos ataques. Antes da invasão, porém, havia um "alerta" sobre possíveis ações em páginas brasileiras.
Ontem, a Infraero informou que tirou o site do ar por 20 minutos para uma varredura preventiva contra ataques dos hackers.

RASTREAMENTO
Para tentar rastrear os piratas virtuais, a PF vai usar o sistema I2, que, segundo policiais, permite cruzar dados e refazer os passos de quem usou ou entrou numa determinada rede de computador.
A maior dificuldade da PF, contudo, é tipificar como crime a ação dos hackers. Não há no Código Penal nenhum artigo específico para punir acesso sem autorização em redes de computadores.
Investigadores ouvidos pela Folha afirmam que estão fazendo "malabarismo" para enquadrar invasores no crime de "atentado a serviço de utilidade pública".
Desde 1999, o Congresso tenta aprovar sem sucesso projeto que prevê reclusão de um a três anos, mais multa, para quem invade redes.
"O governo brasileiro está omisso quanto aos crimes eletrônicos", afirma o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que relatou o texto aprovado no Senado em 2008 e agora cuida do texto na Comissão de Ciência e Tecnologia na Câmara.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que teve seu perfil no Twitter hackeado ontem, afirmou à Folha que pretende acelerar a votação do projeto, que depende dos deputados e da sanção presidencial para virar lei.
Também neste ano, a presidente Dilma Rousseff deve enviar outro projeto de lei, o Marco Civil da Internet, que regulará direitos de internautas. Isso deve reforçar a resolução do tema no Congresso.


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