São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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Vice e ex-presidente do Citibank coordenam arrecadação do PV

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

A cena ocorreu no último dia 12, num concorrido almoço na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Diante da nata do PIB fluminense, uma ex-empregada doméstica que começou a militância política no extinto PCR (Partido Revolucionário Comunista) jurava fidelidade à cartilha neoliberal e prometia, se eleita, não mexer na política econômica.
Acomodado na mesa principal, um dos executivos mais respeitados do país esperava os garçons recolherem os pratos para abordar os comensais individualmente, em busca de doações para a campanha.
Os personagens eram Marina Silva, candidata do PV ao Planalto, e Alvaro de Souza, ex-presidente do Citibank e integrante dos conselhos da Gol e da Ambev.
Amigo de muitos anos do candidato a vice-presidente Guilherme Leal, o economista não aparece entre os dirigentes do comitê financeiro registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas divide com o controlador da Natura a tarefa de abastecer o caixa da chapa verde.
"Nunca tinha feito isso, sou calouro no setor", graceja. "Peguei a lista de doadores da última eleição e saí batendo de porta em porta. Até agora, só um deles disse que não contribuiria de jeito nenhum com a Marina".
Leal diz já ter retirado R$ 1 milhão do próprio bolso e, segundo o amigo, deve repetir a dose nas próximas semanas. Até aqui, o PV estima já ter captado R$ 2,5 milhões.
Na semana passada, os dois acompanharam a candidata em reuniões com investidores em Nova York. O objetivo foi repetir o que Lula fez em 2002, quando convenceu potenciais doadores de que não ameaça a ordem vigente.
Pela reação dos empresários no Rio, o esforço tem surtido efeito. "A maior de nós via Marina como uma radical. Agora estamos descobrindo uma pessoa equilibrada, que respeita valores que o empresariado aprecia", elogiou o anfitrião do almoço, José Luiz Alquéres.
Souza admite que os grandes doadores preferem apostar nos favoritos, mas tenta convencê-los a destinar parte menor das doações a Marina. "Não dá para dizer que as contribuições serão proporcionais ao desempenho nas pesquisas. Só saberemos quando a lista for aberta."


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