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Vice e ex-presidente do Citibank coordenam arrecadação do PV
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
A cena ocorreu no último
dia 12, num concorrido almoço na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Diante da nata do PIB fluminense, uma ex-empregada
doméstica que começou a
militância política no extinto
PCR (Partido Revolucionário
Comunista) jurava fidelidade
à cartilha neoliberal e prometia, se eleita, não mexer na
política econômica.
Acomodado na mesa principal, um dos executivos
mais respeitados do país esperava os garçons recolherem os pratos para abordar
os comensais individualmente, em busca de doações
para a campanha.
Os personagens eram Marina Silva, candidata do PV
ao Planalto, e Alvaro de Souza, ex-presidente do Citibank
e integrante dos conselhos
da Gol e da Ambev.
Amigo de muitos anos do
candidato a vice-presidente
Guilherme Leal, o economista não aparece entre os dirigentes do comitê financeiro
registrado no TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), mas divide com o controlador da Natura a tarefa de abastecer o
caixa da chapa verde.
"Nunca tinha feito isso,
sou calouro no setor", graceja. "Peguei a lista de doadores da última eleição e saí batendo de porta em porta. Até
agora, só um deles disse que
não contribuiria de jeito nenhum com a Marina".
Leal diz já ter retirado R$ 1
milhão do próprio bolso e,
segundo o amigo, deve repetir a dose nas próximas semanas. Até aqui, o PV estima já
ter captado R$ 2,5 milhões.
Na semana passada, os
dois acompanharam a candidata em reuniões com investidores em Nova York. O objetivo foi repetir o que Lula fez
em 2002, quando convenceu
potenciais doadores de que
não ameaça a ordem vigente.
Pela reação dos empresários no Rio, o esforço tem surtido efeito. "A maior de nós
via Marina como uma radical. Agora estamos descobrindo uma pessoa equilibrada, que respeita valores
que o empresariado aprecia", elogiou o anfitrião do almoço, José Luiz Alquéres.
Souza admite que os grandes doadores preferem apostar nos favoritos, mas tenta
convencê-los a destinar parte
menor das doações a Marina.
"Não dá para dizer que as
contribuições serão proporcionais ao desempenho nas
pesquisas. Só saberemos
quando a lista for aberta."
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