São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Gestor de feira teve apoio de servidores dos Transportes

Ailton Oliveira foi indicado para a administração do negócio por ex-dirigente de órgão ligado ao ministério

Dois funcionários da pasta têm participação no grupo que controla a Feira da Madrugada, no centro de São Paulo

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

O advogado Ailton Vicente de Oliveira foi conduzido para o comando da Feira da Madrugada, na região central da capital paulista, por funcionários do Ministério dos Transportes, chefiado pelo PR desde 2003.
Oliveira é acusado pelo ex-administrador da feira, Geraldo de Souza Amorim, de manter um esquema de propina a caciques do PR, como os deputados Valdemar Costa Neto e Milton Monti (PR-SP), em troca da chefia do negócio. Eles negam.
O primeiro movimento em prol de Oliveira ocorreu em 2004, quando o então chefe do escritório regional da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) em São Paulo, Fábio Aguiar Menezes, o apresentou a Amorim.
Na época, a RFFSA, ligada ao Ministério dos Transportes, fazia a gestão do terreno de 120 mil m2 que abriga a Feira da Madrugada.
Em entrevista à Folha, o advogado confirmou a intervenção de Menezes. Contou que os dois se conheceram quando trabalhava como servidor comissionado do Senado, na Primeira-Secretaria, à época chefiada pelo ex-senador Romeu Tuma (PTB-SP). Tuma foi filiado ao PL, hoje PR, de 1994 a 1997.
O advogado trabalhou na empresa de Amorim, a GSA, até 2006, quando romperam.
A GSA perdeu o comando da feira em abril do ano passado. Amorim diz que caciques do PR fizeram pressão para que pagasse propina para continuar no negócio. Diante de uma negativa, ele afirma, teria sido expurgado.
No lugar da GSA, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo assumiu a administração da feira. Contratada sem licitação, passou a administrar o terreno, pagando R$ 150 mil mensais de aluguel.
Na prática, quem assumiu o controle foi Oliveira. A Folha teve acesso a recibos de pagamentos à Santa Casa. Neles, é o advogado quem assina como "administrador" da ONG. Ele diz ter sido contratado para o serviço.
O negócio foi questionado pelo Ministério Público Federal, que recomendou a rescisão do contrato.
O contrato foi rescindido, mas Oliveira não deixou a chefia da feira. Ele criou o que chama de "condomínio voluntário" para "zelar" pelos feirantes.
A Folha teve acesso à ata de criação do grupo. Além de Oliveira, há dois funcionários do Ministério dos Transportes: Arnaldo Bernardo e Eloy Arcas Júnior.
Segundo Oliveira, o grupo foi montado após convenção com todos os feirantes. O "condomínio voluntário" cobra taxas mensais dos cerca de 4,5 mil ambulantes da Feira da Madrugada.
Oliveira diz que a verba financia segurança, fiscalização, água e luz. Para a prefeitura, a cobrança é irregular.


Texto Anterior: ANP nega existência de esquema de propina
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.