São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Indústria do país perde de concorrentes

Indicador mostra que Brasil foi o único, entre 13 nações, a apresentar encolhimento do setor no mês passado

Produção industrial brasileira sofre com a forte valorização do real, que é resultado da elevada taxa de juros

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A indústria brasileira tem apresentado o pior desempenho entre os grandes mercados emergentes.
Segundo analistas, a forte valorização do real faz com que os bens fabricados no Brasil fiquem mais caros em relação ao que é produzido fora. Isso torna o setor industrial do país menos competitivo em relação a seus pares.
Um indicador baseado em entrevistas feitas com executivos apontou uma tendência de contração do setor no país em junho.
O chamado Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) tenta prever o comportamento da indústria com base em informações como nível de estoques, ritmo de novas encomendas e contratações.
Entre as 13 nações emergentes para o qual é calculado, o Brasil foi o único a registrar queda no mês passado, embora outros países tenham exibido tendência de desaceleração.
Na média dos últimos 12 meses, o Brasil também teve expansão mais fraca que a de outras nações.
Para Fabio Akira, economista-chefe do JP Morgan no Brasil, a fraqueza da indústria medida pelo PMI reflete, principalmente, o desempenho dos setores exportadores, mais afetados pelo câmbio valorizado.
"Isso contribui para uma redução da produção industrial", diz Constantin Jancso, economista do HSBC.
O HSBC, em parceria com a consultoria Markit, calcula o Índice de Gerentes de Compras para um grupo de mercados emergentes (conhecido pela sigla EMI, em inglês).
Dados de produção industrial confirmam a debilidade relativa do Brasil.
Entre os dez emergentes que estão no G20 (grupo que reúne importantes economias), a produção industrial brasileira em maio só teve desempenho melhor que a da África do Sul (veja mapa).
Registrou expansão em relação ao mesmo mês de 2010 de 2,7%, contra 13,3% da China, 5,6% da Índia, 4,1% da Rússia e 6,3% da Argentina.
Segundo o economista Claudio Frischtak, da InterB Consultoria, o real forte prejudica a indústria, mas aumenta o poder aquisitivo da população. Produtos importados estão mais baratos.
No longo prazo, ele acredita que o câmbio valorizado -resultado em parte de juros altos que atraem capitais de fora- limita o crescimento.
Economistas ressaltam que conter despesas públicas -que seguem em patamar elevado- seria o canal ideal para uma redução dos juros, contribuindo para a recuperação da competitividade.
O governo deve lançar, em agosto, medidas de estímulo à exportação de produtos manufaturados.
Segundo especialistas, incentivos pontuais ajudam setores específicos. Mas não atacam a perda de competitividade do setor, também afetado pela alta carga tributária e excesso de burocracia.


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