São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2011

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Dilma nega faxina e diz que Brasil não é "Roma antiga"

Presidente afirma que combate o malfeito, mas que isso não é uma meta

Quatro ministros já deixaram cargos sob suspeita de agir com irregularidades ou por conflitos com Planalto


Alan Marques/Folhapress
Presidente Dilma fala a jornalistas, após evento no Planalto, que não houve faxina no governo

ANA FLOR
DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff disse ontem que seu governo não é "Roma antiga" -época na qual os cristãos eram jogados aos leões no Coliseu- e que não aceita a criação de um "ranking" de demitidos entre ministros.
Aos jornalistas, ela demonstrou irritação com o termo "faxina" e com a ideia de que responde a denúncias da mídia demitindo ministros.
"Essa pauta de demissões, [em] que fazem ranking, não é adequada para um governo. Essa pauta eu não vou jamais assumir. Não se demite nem se faz escala de demissão, nem sequer demissão todos os dias. Isso [aqui] não é de fato Roma antiga", disse a presidente após um evento no Palácio do Planalto.
As afirmações da presidente são uma reação a reportagens e declarações de aliados de que ela promove uma "faxina" no governo ao demitir ministros.

QUATRO MINISTROS
Desde o início do governo, quatro ministros deixaram a Esplanada por causa de denúncias de irregularidades ou devido a declarações que desagradaram o Planalto: Antonio Palocci (Casa Civil) e Alfredo Nascimento (Transportes) em junho; Nelson Jobim (Defesa) e Wagner Rossi (Agricultura) em agosto.
Agora, pelo menos outros dois ministros encontram-se "na linha de tiro".
A forma como os ministros saíram criou o temor entre seus aliados de que ela "jogaria aos leões" todos aqueles que tivessem denúncias divulgadas pela imprensa.
Ontem Dilma disse que tomará providências "sempre que houver malfeitos", mas que se guiará pela presunção da inocência: "Se combate o malfeito, não se faz disso meta do governo. Faxina no meu governo é faxina contra a pobreza, o resto são ossos do ofício da Presidência, e isso não se interrompe", disse.

PRISÃO
Ao rechaçar o termo "faxina", Dilma se referiu à sua prisão durante a ditadura militar (1964-1985) ao comentar que não permitirá que servidores públicos passem por situações "ultrajantes": "É importantíssimo respeitar a dignidade das pessoas, não submetê-las a condições ultrajantes. Eu sei disso porque já passei por isso".
A presidente ficou especialmente incomodada com o recente vazamento de imagens -publicadas na imprensa- dos detidos pela PF na Operação Voucher, que investiga irregularidades no Ministério do Turismo.
Eles foram fotografados sem camisa ao darem entrada em um presídio do Amapá. Após o vazamento das fotos, a presidente prometeu coibir os "abusos" contra pessoas investigadas.
Ontem, Dilma reafirmou sua defesa do respeito aos "preceitos da Justiça moderna" e dos "direitos individuais e as liberdades".


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