São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2011

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Piora da economia faz mercado prever recuo da inflação

Desaceleração da atividade faz com que projeções voltem a se aproximar de meta estipulada pelo BC

Com indústria fraca, perda de fôlego do comércio e crise global, previsões para o PIB caem para perto de 3%

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

A rápida desaceleração da economia brasileira no segundo semestre está abrindo espaço para a redução das estimativas de inflação.
As projeções de analistas continuam acima do esperado pelo governo, mas começam a ceder, pela primeira vez, desde agosto.
Segundo pesquisa semanal feita pelo BC (Banco Central), a expectativa do mercado para a inflação de 2011 caiu para 6,5% na semana passada (teto da meta do BC). A projeção de 2012 também foi levemente reduzida (veja quadro a lado).
Essas quedas vieram acompanhadas de cortes expressivos nas projeções de crescimento do país, que ficaram mais perto de 3%.
Com a indústria fraca, o varejo perdendo fôlego e a crise externa reduzindo o otimismo de empresários e consumidores, bancos estrangeiros estão prevendo um desempenho ainda pior.
Para o francês BNP Paribas, o Brasil vai crescer apenas 2,8% neste ano e 2,5% no seguinte. O americano Goldman Sachs, que acaba de cortar pela segunda vez suas projeções neste mês, prevê expansão de 3% em 2011.
Segundo relatório do banco, o mercado de trabalho já não está tão aquecido como no início do ano, o que abre espaço para a redução da inflação em 2012.
Pela primeira vez desde o primeiro trimestre, alguns economistas das maiores consultorias do país já admitem que a inflação pode se aproximar do centro da meta (4,5%) no próximo ano: "Há uma chance relevante de que a inflação fique abaixo de 5%", afirma Bráulio Borges, economista-chefe da LCA.

DÓLAR
O economista da Quest Investimentos Fabio Ramos diz que é positivo que o Brasil cresça perto de 3% neste e no próximo ano para permitir que a inflação recue.
Além do desempenho mais fraco da economia, outro fator que contribuiu para interromper a piora das projeções de inflação foi a reversão da alta do dólar, observa ele.
Depois de chegar quase em R$ 1,90 no fim de setembro, a moeda voltou ao patamar de R$ 1,75 ontem.
Isso é importante para reduzir a pressão sobre a inflação porque a valorização do dólar encarece itens importados e produtos básicos.
Diante desses sinais, a expectativa da maioria dos economistas é de que o BC continuará cortando os juros nos próximos meses em meio ponto percentual, do atual patamar de 11,5% para algo entre 10,5% e 9%.
O sócio da Opus Gestão de Recursos José Márcio Camargo pondera que, apesar das expectativas de inflação terem melhorado um pouco, não significa que vão recuar mais. "A desaceleração do setor de serviços é modesta, e o forte aumento da renda vai continuar pressionando os preços", acredita.



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