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Novo governo terá "torneiras fechadas", afirma Mantega
Mantido no cargo, titular da Fazenda diz que gastos públicos dos últimos anos terão de ser interrompidos
Ministro ressalta que terá de cortar despesas de custeio, aumentar a poupança pública e também baixar dívida
DE BRASÍLIA
Ao anunciar os três primeiros nomes de sua equipe econômica, a presidente eleita,
Dilma Rousseff, quis passar o
recado de que começará o
seu mandato com as torneiras fechadas.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda), confirmado ontem para permanecer no cargo, afirmou que "2011 é um
ano em que não se deve criar
novos gastos".
Com Alexandre Tombini
(Banco Central) e Miriam Belchior (Planejamento), ele
compõe o time que comandará a economia, primeira
área cujos titulares foram
anunciados por Dilma.
Em seu discurso, Mantega
anunciou que será preciso
cortar despesas de custeio e
aumentar a poupança pública e se comprometeu a economizar o suficiente para reduzir a dívida pública de 41%
para 30% do PIB em 2014.
A conta desse aperto fiscal
será repassada aos novos colegas de governo. "Todos os
ministérios terão de dar a sua
contribuição. Teremos restrição a novos gastos."
Desde a eleição de Dilma,
no entanto, os sinais do governo indicam aumento, e
não redução das despesas.
A presidente eleita declarou estar disposta a negociar
um salário mínimo superior
aos R$ 540 previstos no projeto de Orçamento-2011.
A possibilidade foi classificada ontem, por Mantega,
como ameaça à "consolidação fiscal".
Agora, Dilma definirá o
nome dos ministros que
atuam próximo ao presidente. Os últimos serão os ministérios divididos entre os 12
partidos que a apoiam.
TRIPÉ
A nota em que os três foram anunciados reafirma a
manutenção da tripé da política econômica, com atenção
ao combate à pobreza.
Mantega não era o favorito
de Dilma para chefiar a área
econômica. Mas acabou sendo escolhido por influência
do presidente Lula.
Sua nomeação representa
uma vitória na disputa nos
últimos anos com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pelo controle
da política econômica.
Ao lado de Tombini, ontem, Mantega pela primeira
vez colocou como prioridade
a geração de emprego. Até
então, a equipe sempre evitava citar vários objetivos e focava na estabilidade.
Para tentar afastar as dúvidas sobre a postura fiscal no
próximo governo, o ministro
da Fazenda repetiu várias vezes a necessidade de frear
gastos públicos.
Nessa linha, avisou que o
BNDES receberá menos recursos do Tesouro. Com isso,
os financiamentos necessários para os projetos de infraestrutura, bandeira da
presidente eleita, terão de ser
supridos pelo setor privado.
Mantega disse ser fundamental que não sejam aprovados projetos em tramitação no Congresso, como a
PEC 300, que eleva salários
na área de segurança.
Ao ser apresentada como
nova ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que
hoje é a coordenadora do
PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), foi na
mesma linha de Mantega ao
dizer que é preciso "fazer
mais com menos". (SHEILA D'AMORIM, MÁRIO SÉRGIO LIMA, NATUZA NERY, RANIER BRAGON E MÁRCIO FALCÃO)
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