São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2010

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Pobreza extrema é barreira para projeto de Dilma

FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO

Dilma Rousseff afirma que é possível colocar 100% dos brasileiros dentro ou acima da classe C, extinguindo no país os segmentos D e E.
Para isso, a renda familiar mensal de todas as famílias teria de alcançar, no mínimo, R$ 1.120,00 (ou mais). Abaixo disso, segundo parâmetros de especialistas, estão os mais pobres do país.
Em sete anos sob Lula, as classes ABC engordaram de 55,2% do total da população para 69,2%. Restam, portanto, cerca de 31% (59 milhões de pessoas) a fazer a mesma travessia para que a ex-ministra tenha razão.
Por óbvio, o aumento da classe C também contribuiu para a redução da desigualdade no Brasil.
Na década, a renda do trabalho explicaria 67% da queda da desigualdade (foram 12,5 milhões de empregos formais a mais desde 2003).
O Bolsa Família responderia por 17%. Já os gastos previdenciários, por 15,7% -segundo o Centro de Políticas Sociais da FGV-Rio.
Nos últimos anos, houve uma aceleração do crescimento da renda dos mais pobres, enquanto a dos mais ricos aumentou menos.
É isso o que explica o encolhimento das classes D e E.
Enquanto a renda familiar per capita como um todo cresce em ritmo maior do que 5% ao ano, entre os 10% mais pobres ela cresceu três vezes mais rápido (15,4%).
Entre os 10% mais ricos, mais lentamente (3,7%).
Mas cerca da metade dos que ainda estão nas classes D e E sobrevivem hoje com menos de R$ 137 ao mês.
É em relação a esses quase 30 milhões de miseráveis que a projeção da pré-candidata encontra a maior barreira. Eles são os menos escolarizados e pior assistidos.
Mesmo que o obstáculo seja transposto, o pior do Brasil segue difícil de erradicar:
Um brasileiro que vive no estrato 1% mais rico ainda pode gastar, em três dias, o equivalente ao que outro pertencente aos 10% mais pobres ganha em um ano.


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