São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2011

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Esquema de propina em Campinas tinha metas anuais

Segundo denúncia, empresas que venciam licitações tinham de repassar entre 5% e 7% do faturamento mensal para a prefeitura

MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS

ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

A primeira-dama de Campinas (93 km de São Paulo), Rosely Nassim Santos, chegou a estabelecer "metas" anuais para as empresas que pagavam propina no esquema de fraudes em licitações.
A afirmação é do ex-presidente da Sanasa (empresa mista de tratamento de água e esgoto), Luís Aquino, que prestou depoimento em troca da delação premiada.
Investigação do Ministério Público Estadual aponta a existência de um esquema de direcionamento de licitações na Prefeitura de Campinas. As empresas beneficiadas, segundo o depoimento de Aquino, repassavam parte do lucro à primeira-dama.
Em depoimento anteontem, os empresários Alfredo e Augusto Antunes confirmaram -segundo seu advogado, Edson Carneiro Júnior- o pagamento de propina a Luís Aquino. "Após quatro meses, isso parou de ser suficiente e a exigência passou a ser em dinheiro", disse o advogado.
Segundo ele, caso não fizesse a entrega, a empresa sofria multas contratuais e perdia ordens de serviços.
A principal peça da ação do Ministério Público é o testemunho de Aquino, que presidiu a Sanasa de 2005 a 2008. Em depoimento, ele disse que chegou a entregar a propina pessoalmente à primeira-dama, mulher do prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT).
O delator disse que em geral as empresas deviam destinar entre 5% e 7% do faturamento para a administração. Esse valor era dividido, disse Aquino, entre Rosely e membros da Sanasa. "Todos aqueles que participavam, ajudavam e tinham ciência do esquema recebiam algum valor, que era denominado "mensalinho"."
Os valores, diz ele, eram entregues no gabinete da primeira-dama, num escritório dela e até em casa.

AMPLOS PODERES
Aquino afirmou que, após ter sido nomeada chefe de Gabinete, Rosely "assumiu amplos poderes" na gestão e "decidiu montar um esquema de arrecadação financeira clandestina".
Rosely foi procurada pela Folha para comentar o depoimento, mas sua assessoria e seu advogado, Eduardo Carnelós, disseram que ela não vai se pronunciar.
No início de maio, Carnelós conseguiu uma liminar de habeas corpus preventivo para Dr. Hélio e sua mulher, alegando que a Promotoria não pode investigar o prefeito e que a verdadeira intenção, ao incluir Rosely na investigação, era direcionar as acusações para ele.


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