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Esquema de propina em Campinas tinha metas anuais
Segundo denúncia, empresas que venciam licitações tinham de repassar entre 5% e 7% do faturamento mensal para a prefeitura
MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
A primeira-dama de Campinas (93 km de São Paulo),
Rosely Nassim Santos, chegou a estabelecer "metas"
anuais para as empresas que
pagavam propina no esquema de fraudes em licitações.
A afirmação é do ex-presidente da Sanasa (empresa
mista de tratamento de água
e esgoto), Luís Aquino, que
prestou depoimento em troca da delação premiada.
Investigação do Ministério
Público Estadual aponta a
existência de um esquema de
direcionamento de licitações
na Prefeitura de Campinas.
As empresas beneficiadas,
segundo o depoimento de
Aquino, repassavam parte
do lucro à primeira-dama.
Em depoimento anteontem, os empresários Alfredo
e Augusto Antunes confirmaram -segundo seu advogado, Edson Carneiro Júnior- o
pagamento de propina a Luís
Aquino. "Após quatro meses,
isso parou de ser suficiente e
a exigência passou a ser em
dinheiro", disse o advogado.
Segundo ele, caso não fizesse a entrega, a empresa
sofria multas contratuais e
perdia ordens de serviços.
A principal peça da ação
do Ministério Público é o testemunho de Aquino, que presidiu a Sanasa de 2005 a
2008. Em depoimento, ele
disse que chegou a entregar a
propina pessoalmente à primeira-dama, mulher do prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT).
O delator disse que em geral as empresas deviam destinar entre 5% e 7% do faturamento para a administração.
Esse valor era dividido, disse
Aquino, entre Rosely e membros da Sanasa. "Todos
aqueles que participavam,
ajudavam e tinham ciência
do esquema recebiam algum
valor, que era denominado
"mensalinho"."
Os valores, diz ele, eram
entregues no gabinete da primeira-dama, num escritório
dela e até em casa.
AMPLOS PODERES
Aquino afirmou que, após
ter sido nomeada chefe de
Gabinete, Rosely "assumiu
amplos poderes" na gestão e
"decidiu montar um esquema de arrecadação financeira clandestina".
Rosely foi procurada pela
Folha para comentar o depoimento, mas sua assessoria e seu advogado, Eduardo
Carnelós, disseram que ela
não vai se pronunciar.
No início de maio, Carnelós conseguiu uma liminar
de habeas corpus preventivo
para Dr. Hélio e sua mulher,
alegando que a Promotoria
não pode investigar o prefeito e que a verdadeira intenção, ao incluir Rosely na investigação, era direcionar as
acusações para ele.
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