São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

PSDB escolhe Alvaro Dias vice de Serra e abre crise

DEM não concorda e reclama de anúncio ter sido feito por Roberto Jefferson

Escolha de senador para a chapa é importante para obter apoio no Paraná e tirar palanque de Dilma no Estado


CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

Um dia depois de uma reunião com o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, o comando do partido anunciou ontem a escolha do senador Alvaro Dias (PR) para vice de sua chapa.
O objetivo é desmontar o palanque de Dilma Rousseff (PT) no Paraná, onde os petistas investem na candidatura do senador Osmar Dias (PDT) como suporte à campanha da ex-ministra.
A opção deflagrou, porém, uma crise com o DEM.
Além de reivindicar a vaga de vice, o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), ficou irritado ao saber que o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), anunciara a escolha no Twitter, já durante o intervalo do jogo da seleção.
"Se o Jefferson é o porta-voz do PSDB, tudo bem", protestou Maia, numa ríspida conversa com o presidente tucano Sérgio Guerra (PE).
A reação foi tamanha que, no fim da noite, colaboradores de Serra admitiam a hipótese de recuo. Apesar do esforço do PSDB de dar o fato como consumado -graças ao apoio do PTB e PPS-, Serra não se comprometeu.
Remeteu o problema ao partido: "Estou fora do ar desde que embarquei. Não consegui nem telefonar para saber", disse em Parintins.
Apesar da discussão travada com Maia, num voo do Rio a Aracaju, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, oficializou em nota a indicação.
"Alvaro é um senador de grande coerência e capacidade. Ele ajuda a dignificar o Parlamento brasileiro." Mas fez uma ressalva: "Sua indicação está sendo apreciada por líderes e presidentes dos partidos coligados".

2 MILHÕES DE VOTOS
Na escolha de Dias está a expectativa de atrair Osmar, seu irmão. Fechado o acordo, Osmar desistiria de concorrer ao governo, disputando o Senado em apoio a Serra.
Ao longo das negociações com o PSDB, Osmar alegava que a indicação de Dias serviria de justificativa para esse acordo, que, nos cálculos dos tucanos, renderá 2 milhões de votos de vantagem de Serra sobre Dilma.
Há insegurança quanto ao desfecho da negociação. Osmar já ameaçou lançar sua candidatura ao governo.
Sob a ameaça de apoio de Osmar a Dilma, Serra convidou Guerra e o deputado Jutahy Magalhães (BA), um de seus principais articuladores, para reunião na noite de quinta, em São Paulo.
Na reunião, prevaleceu o argumento de que, além de uma boa imagem pública, Dias era o único -entre os nomes em análise- capaz de garantir impacto eleitoral à candidatura.
Serra autorizou que Guerra e Jutahy consultassem os aliados. Após telefonemas a democratas -como o prefeito paulistano Gilberto Kassab- e a tucanos -como Beto Richa-, Dias foi chamado a São Paulo na manhã de ontem. Reuniu-se com tucanos no aeroporto. Só então o PSDB bateu o martelo.


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