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Greves no Judiciário já atingem 21 Estados e DF
Paralisações atingem Justiças Federal, Trabalhista, Eleitoral e estaduais
Prejuízos para os que têm processos vão de atraso em indenizações a negócios não fechados por falta de documentos
FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO
Com maior ou menor adesão, diversas greves nas Justiças Federal, Trabalhista ou
Eleitoral já atingem 21 Estados e o Distrito Federal, segundo a Fenajufe (Federação
Nacional dos Trabalhadores
do Judiciário Federal).
Em ao menos quatro deles
-São Paulo, Mato Grosso,
Ceará e Paraíba-, há greve
também na Justiça estadual.
Na maioria dos casos, os
servidores estão com os braços cruzados há mais de um
mês; em alguns, há 60 dias.
Os prejuízos para a população se multiplicam: audiências de processos que já
duram anos foram remarcadas para o ano que vem, pessoas e empresas deixam de
concretizar negócios por falta de documentos fornecidos
pelo Judiciário e saques de
recursos já autorizados são
retidos por falta de certidões.
Os locais afetados são: AC,
AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO,
MA, MG, MS, MT, PE, PI, PR,
RO, RS, RR, SC, SP, RJ e TO.
CASAMENTO
Quando marcou o casamento para o próximo dia 17,
o fotógrafo Manoel Nascimento iniciou uma reforma
na casa, na capital paulista.
Para isso, contava com
R$ 20 mil de uma ação que
ganhara na Justiça de uma
empresa em que trabalhava.
Dali a alguns dias, poderia
retirar uma certidão para poder sacar o dinheiro, mas os
servidores da Justiça do Trabalho entraram em greve.
Sem o dinheiro, o fotógrafo pegou um financiamento e
vendeu o carro, mas o atraso
pode impedir que a obra termine antes do casamento.
Em Mato Grosso, clientes
do escritório do advogado
Felício Valarelli já tiveram
prejuízos de mais de R$ 1 milhão em negócios não fechados por falta de documentos.
Uma empresa do setor
agropecuário aguarda há
mais de 45 dias pelo cumprimento de uma liminar que libera uma carga de soja. Está
há um mês sem vender.
Valarelli contabiliza em
seu escritório mais de 200 audiências desmarcadas desde
o início da paralisação.
Algumas foram remarcadas para o ano que vem, outras ainda não têm data.
Na zona leste da capital
paulista, o subsíndico Eduardo Barranco aguarda a liberação de uma guia, que já foi
paga, para que um perito vistorie dois apartamentos que
precisam ir a leilão para pagar uma dívida condominial
de mais de R$ 200 mil.
Há mais de um mês, o advogado Caio Arruda Botelho
tem uma venda apalavrada
de um imóvel avaliado em
pouco mais de R$ 100 mil.
Teme até perder o negócio
por não conseguir tirar uma
certidão negativa de débito.
"Meu prejuízo, de cara, é
de R$ 1.000. Continuo tendo
que pagar IPTU, condomínio
e demais encargos", conta.
Na semana passada, a
OAB estimou que 50 dias de
greve na Justiça paulista poderiam significar um ano de
atraso nos processos.
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