São Paulo, segunda-feira, 26 de julho de 2010 |
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JOÃO SANTANA ANA FLOR DE SÃO PAULO 11 de agosto de 2005. Horas depois de o marqueteiro do presidente Lula em 2002, Duda Mendonça, admitir à CPI dos Correios ter recebido dinheiro de caixa dois do PT em paraísos fiscais, o telefone do ex-sócio de Duda, João Santana, toca. O publicitário está no interior da Argentina, numa campanha local. Do Brasil, o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, expõe o pedido do presidente para que Santana vá a Brasília. A suspeita de envolvimento de Lula no mensalão atingira seu auge. 24 de agosto. Santana entra no Palácio da Alvorada e encontra um Lula abatido. Na conversa, avaliam que o pronunciamento presidencial de dias antes fora um desastre. Santana o convence a fazer uma nova fala, desta vez em 7 de Setembro. Seria o primeiro texto sob a influência do novo marqueteiro. Nas semanas seguintes, pesquisas nas quais Santana sempre calcou seu trabalho mostrariam que a saída da crise estava no apoio dos movimentos sociais. É o embrião do "Mexeu com Lula, mexeu comigo". A lealdade durante a maior crise de Lula, enquanto companheiros históricos de partido claudicavam, fez do baiano de 57 anos uma das pessoas mais próximas do presidente. Eles se falam quase todos os dias e jantam uma vez por semana. Depois de fazer a campanha que reelegeu Lula, Santana recebeu do presidente a missão de pilotar um de seus maiores desafios: eleger ao Planalto sua pupila e novata nas urnas Dilma Rousseff. A ligação de Santana com o PT é anterior à publicidade. Como jornalista da "Isto É", em Brasília, no início dos anos 90, foi um dos autores da reportagem com o motorista Eriberto França, que ajudou na queda de Fernando Collor em 1992. Foi em sua casa, por exemplo, a reunião com congressistas do PT e de outros partidos de esquerda para sabatinar Eriberto. Ganhou o Prêmio Esso. No início dos anos 2000, sócio de Duda, o publicitário se aproxima de Antônio Palocci numa campanha em Ribeirão Preto. Acaba como ponte entre Duda, tachado de malufista, e o PT. Às vésperas da campanha de Lula em 2002, os dois baianos romperam a sociedade. Até ser chamado por Lula, em 2005, se dedica a campanhas na Argentina. Pelas mãos de Lula, fez a vitoriosa campanha de Maurício Funes em El Salvador. Como Duda, Santana foi acusado de remeter dinheiro a paraísos fiscais e envolvido em denúncias de caixa dois de campanha. Diferentemente do ex-sócio, detesta holofotes e cultiva a discrição. Não tem contas no governo Lula, mas a empresa da qual é sócio chegou a ser denunciada por privilégios nas contas de El Salvador. Um dos momentos mais delicados dos trabalhos para o PT foi o comercial com perguntas de natureza pessoal sobre Gilberto Kassab (DEM) feito pela campanha de Marta Suplicy à prefeitura, em 2008 ("É casado? Tem filhos?"). Depois de perder a disputa, Santana tomou para si a responsabilidade. Um de seus prazeres é compor jingles -vestígio dos anos 70, quando era conhecido como "Patinhas", criou a banda Bendengó e compôs com Moraes Moreira. Com Dilma, teve embates na campanha de 2006, mas, apesar do temperamento forte, aprenderam a conviver. JOÃO SANTANA, 57 Nascido em Tucano (BA) Campanhas
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