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Aumento da frota de carros é desafio para novos governadores
Expansão do número de veículos terá como agravante a falta de infraestrut ura em regiões metropolit anas
Copa em 2014 é vista como oportunidade para impulsionar os investimentos em transporte coletivo
ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
A imagem de uma terra
congestionada por automóveis não é mais uma peculiaridade da Grande SP.
Municípios como Curitiba
e Florianópolis já têm mais
veículos por habitante do
que São Paulo. E a velocidade de crescimento da frota
em 90% das capitais brasileiras supera a paulistana.
O cenário é tratado por especialistas como uma bomba
nas principais regiões metropolitanas do Brasil -e que
deve ser detonada no governo de quem for comandar os
Estados a partir de 2011.
Favorecida pela economia
e por incentivos federais, a
expansão drástica da frota
brasileira, que subiu mais de
50% em cinco anos, terá como agravante a falta de infraestrutura desses lugares.
Ao mesmo tempo em que
mais gente compra carro e
moto, não há vias para comportá-los nem sinalização
para ordená-los. Também
não há redes de metrô suficientes. E, parados no trânsito, os ônibus são precários.
"No resto do país é mais
preocupante do que em São
Paulo porque são lugares
ainda mais despreparados",
diz Horácio Figueira, mestre
em engenharia pela USP.
COPA
O papel dos governadores
para atenuar esses problemas passa obrigatoriamente
pela expansão do transporte
coletivo. Mas esbarra em atribuições municipais de organizar a circulação urbana.
Jaime Waisman, professor
da USP, lembra que, como
Estados e governo federal
têm mais capacidade de recursos do que as prefeituras,
também deve caber a eles ir
atrás de parcerias e soluções.
A Copa de 2014 é encarada
como uma oportunidade que
os governadores terão para
impulsionar os investimentos em transporte coletivo
-tanto pela disponibilidade
de financiamento federal como pela cobrança popular.
Um manifesto da ANTP
(Associação Nacional de
Transportes Públicos) menciona que, além do metrô,
uma outra alternativa merece ser difundida: os corredores de ônibus conhecidos como BRTs, mais baratos do
que sistemas sobre trilhos.
Mas os especialistas citam
dois desafios dos Estados: a
necessidade de priorizar sistemas de transporte para a
população, e não só para torcedores; e de resistir à tentação de investir apenas em regiões onde haverá jogos.
"A preocupação é que se
gaste em projetos de transporte que não são prioritários
para a cidade, mas para um
evento", afirma Waisman.
"Tenho receio que só queiram atender os estádios de
futebol", reforça Figueira.
O manifesto lançado neste
ano pela ANTP com diretrizes do transporte para os
candidatos cita a importância de construir sistemas ligados à política de habitação
e de ocupação urbana.
MORAR MAIS PERTO
O presidente da entidade,
Ailton Brasiliense, diz que
não adianta espalhar novas
redes de metrô e ônibus sem
definir estratégias para que
as pessoas morem mais perto
dos empregos -sob risco de
elevar os custos inclusive das
tarifas, além da perda de
tempo nos deslocamentos.
"É urgente implementar
políticas de adensamento
das áreas urbanas e diversificação do uso do solo, instalando moradias, comércio e
serviços ao longo de corredores de transporte público",
relata trecho do documento.
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