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OAB se posiciona contra conselhos de comunicação
Presidente e representantes estaduais criticam órgãos de controle da mídia
Entidade diz que
Estados não têm
competência para
regulamentar o tema, o
que caberia apenas ao
Congresso
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) se posicionou oficialmente ontem contra a iniciativa de pelo menos
quatro Estados do país de implantar conselhos de comunicação com o propósito de
monitorar a mídia.
Em nota assinada pelo
presidente nacional da OAB,
Ophir Cavalcante, e pelos 27
representantes estaduais, a
entidade manifestou "repúdio aos projetos de criação de
órgãos vinculados ao Executivo para monitorar veículos
de comunicação em diversos
Estados da Federação".
O Ceará foi o primeiro a tomar a iniciativa. Na terça-feira da semana passada, a Assembleia Legislativa do Estado aprovou a criação de um
conselho, vinculado à Casa
Civil, com a função de "orientar", "fiscalizar", "monitorar" e "produzir relatórios"
sobre a atividade dos meios
de comunicação.
Reportagem da Folha publicada ontem mostrou que
ao menos mais três Estados
(Bahia, Alagoas e Piauí) também preparam a implantação de conselhos do tipo.
A OAB avalia os projetos
com "crescente preocupação
ante as graves consequências que os mesmos podem
causar à livre manifestação
de expressão e à liberdade de
imprensa, fundamentais para a normalidade do Estado
Democrático de Direito".
Segundo a Ordem, não cabe ao Executivo o papel de
fiscalizar se os meios de comunicação cumprem "as balizas constitucionais para o
exercício da liberdade de imprensa", que "devem ser objeto de apreciação do Poder
Judiciário, resguardando-se
o devido processo legal".
Também diz que as assembleias não têm competência
"para regulamentar a matéria, que é privativa do Congresso Nacional".
A criação dos conselhos foi
recomendação da Conferência Nacional de Comunicação, realizada em 2009, por
convocação do governo Lula.
A Folha apurou que, com
dificuldades para implementar nacionalmente medidas
de controle da mídia, o governo irá estimular que os Estados o façam. Assim, com a
discussão instalada, haveria
ambiente mais favorável à
proposição de lei federal.
O Painel também revelou
anteontem que tramita em
São Paulo um projeto semelhante ao aprovado no Ceará.
Seu texto prevê a criação de
conselho parlamentar que teria, entre outras funções, a de
fiscalizar as outorgas e concessões de rádio e TV.
Assim como a OAB, o diretor-geral da Abert (Associação Brasileira das Emissoras
de Rádio e Televisão), Luís
Roberto Antonik, também
afirmou que os Estados não
têm competência para regular a atuação da mídia.
O DEM também prometeu
questionar judicialmente a
criação de conselhos nos Estados. "O Democratas, sem
demora, questionará perante
o Supremo Tribunal Federal
essa tentativa petista de controlar a imprensa", disse em
nota o presidente do partido,
Rodrigo Maia (RJ).
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