São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Jornalista é indiciado sob suspeita de 4 crimes

PF acusa Amaury de corrupção, violação de sigilo, uso de documentação falsa e de dar dinheiro a testemunha

Para defesa, jornalista é "bode expiatório" em disputa política, mas vai poder provar que não cometeu crimes

DE BRASÍLIA

Depois de prestar seu quarto depoimento à Polícia Federal, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. deixou ontem a superintendência da polícia, em Brasília, oficialmente como investigado pela participação na quebra de sigilo de pessoas ligadas ao candidato José Serra (PSDB).
A PF indiciou Amaury sob suspeita de corrupção ativa, violação de sigilo, uso de documentação falsa e dar dinheiro a testemunha.
Apesar de afirmar que o jornalista está sendo usado como "bode expiatório" dentro de uma disputa política, a defesa de Amaury afirmou encarar o indiciamento "de uma forma positiva".
"Ele vai passar a ser investigado e vai ser esclarecido que ele não cometeu crime algum. Em nenhum momento o Amaury admitiu ter quebrado sigilo fiscal ou ter encomendado a quebra", disse o advogado Adriano Bretas, sustentando que as informações contra tucanos foram todas obtidas de forma lícita.
Ontem, segundo a PF, Amaury manteve versão dos três primeiros depoimentos e se calou na maioria das novas perguntas feitas.
Ele reafirmou o depoimento em que atribui ao ex-coordenador da campanha do PT e deputado estadual Rui Falcão (SP) a cópia do dossiê com informações contra tucanos que ele armazenava em seu computador em um quarto de hotel em Brasília. Falcão nega as acusações.
A Folha revelou em junho que dossiê com dados do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, circulou na pré-campanha de Dilma Rousseff (PT). Amaury é amigo de Luiz Lanzetta, dono de uma empresa contratada na ocasião para administrar contratos de comunicação para a pré-campanha.
O jornalista afirma ter retomado uma apuração sobre as privatizações do governo FHC no período em que trabalhava no jornal "Estado de Minas". Depois de deixar o jornal, em outubro do ano passado, ele integrou o "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma.

DOCUMENTOS
Após seis horas de depoimento, o advogado de Amaury entregou à imprensa nota acompanhada de documentos com informações sobre a vida empresarial de pessoas ligadas ao PSDB.
A papelada também foi entregue à PF e, segundo o advogado, contém detalhes inéditos das investigações da CPI do Banestado extraídos do Tribunal de Justiça de SP.
"São informações oficiais a que tive acesso nos longos anos em que estou trabalhando no tema das privatizações", disse Amaury, por meio da nota.
Trata-se de dados sobre pagamentos no exterior de e para empresas ligadas a tucanos que faziam parte de investigação do jornalista sobre privatizações.
Segundo a PF, Amaury foi indiciado por suspeita de corrupção ativa e violação de sigilo porque encomendou dados sigilosos, pagou por eles e foi a São Paulo buscar os documentos levantados por uma rede de ao menos sete pessoas, entre despachantes e funcionários do fisco. Todos já foram indiciados.
Apesar de indiciado por suspeita de pagar testemunha, Amaury negou ter depositado R$ 5.000 em setembro deste ano ao despachante Dirceu Garcia, que afirma ter recebido o dinheiro para não revelar a sua ligação com o jornalista nem a sua participação na encomenda dos dados sigilosos.
Segundo o advogado Adriano Bretas, Amaury vai apresentar documentos que provam que ele estava em Manaus quando os depósitos foram feitos na conta do despachante numa agência em Brasília.


Texto Anterior: Para consultor, é inadmissível que se negue o encontro
Próximo Texto: Tuma Jr. gravou diálogos contra o governo, aponta PF
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.