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Jornalista é indiciado sob suspeita de 4 crimes
PF acusa Amaury de corrupção, violação de sigilo, uso de documentação falsa e de dar dinheiro a testemunha
Para defesa, jornalista é "bode expiatório" em disputa política, mas vai poder provar que não cometeu crimes
DE BRASÍLIA
Depois de prestar seu
quarto depoimento à Polícia
Federal, o jornalista Amaury
Ribeiro Jr. deixou ontem a superintendência da polícia,
em Brasília, oficialmente como investigado pela participação na quebra de sigilo de
pessoas ligadas ao candidato
José Serra (PSDB).
A PF indiciou Amaury sob
suspeita de corrupção ativa,
violação de sigilo, uso de documentação falsa e dar dinheiro a testemunha.
Apesar de afirmar que o
jornalista está sendo usado
como "bode expiatório" dentro de uma disputa política, a
defesa de Amaury afirmou
encarar o indiciamento "de
uma forma positiva".
"Ele vai passar a ser investigado e vai ser esclarecido
que ele não cometeu crime
algum. Em nenhum momento o Amaury admitiu ter quebrado sigilo fiscal ou ter encomendado a quebra", disse
o advogado Adriano Bretas,
sustentando que as informações contra tucanos foram todas obtidas de forma lícita.
Ontem, segundo a PF,
Amaury manteve versão dos
três primeiros depoimentos e
se calou na maioria das novas perguntas feitas.
Ele reafirmou o depoimento em que atribui ao ex-coordenador da campanha do PT
e deputado estadual Rui Falcão (SP) a cópia do dossiê
com informações contra tucanos que ele armazenava
em seu computador em um
quarto de hotel em Brasília.
Falcão nega as acusações.
A Folha revelou em junho
que dossiê com dados do vice-presidente do PSDB,
Eduardo Jorge, circulou na
pré-campanha de Dilma
Rousseff (PT). Amaury é amigo de Luiz Lanzetta, dono de
uma empresa contratada na
ocasião para administrar
contratos de comunicação
para a pré-campanha.
O jornalista afirma ter retomado uma apuração sobre as
privatizações do governo
FHC no período em que trabalhava no jornal "Estado de
Minas". Depois de deixar o
jornal, em outubro do ano
passado, ele integrou o "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma.
DOCUMENTOS
Após seis horas de depoimento, o advogado de
Amaury entregou à imprensa
nota acompanhada de documentos com informações sobre a vida empresarial de
pessoas ligadas ao PSDB.
A papelada também foi entregue à PF e, segundo o advogado, contém detalhes
inéditos das investigações da
CPI do Banestado extraídos
do Tribunal de Justiça de SP.
"São informações oficiais
a que tive acesso nos longos
anos em que estou trabalhando no tema das privatizações", disse Amaury, por
meio da nota.
Trata-se de dados sobre
pagamentos no exterior de e
para empresas ligadas a tucanos que faziam parte de investigação do jornalista sobre privatizações.
Segundo a PF, Amaury foi
indiciado por suspeita de
corrupção ativa e violação de
sigilo porque encomendou
dados sigilosos, pagou por
eles e foi a São Paulo buscar
os documentos levantados
por uma rede de ao menos sete pessoas, entre despachantes e funcionários do fisco.
Todos já foram indiciados.
Apesar de indiciado por
suspeita de pagar testemunha, Amaury negou ter depositado R$ 5.000 em setembro
deste ano ao despachante
Dirceu Garcia, que afirma ter
recebido o dinheiro para não
revelar a sua ligação com o
jornalista nem a sua participação na encomenda dos dados sigilosos.
Segundo o advogado
Adriano Bretas, Amaury vai
apresentar documentos que
provam que ele estava em
Manaus quando os depósitos
foram feitos na conta do despachante numa agência em
Brasília.
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