São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2011

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Investigação sobre ministro do STJ está parada há um ano

Procuradoria ainda não fez parecer sobre acusação de que Ari Pargendler ofendeu estagiário; corte não se manifesta

Ex-funcionário diz que entregou o caso 'nas mãos de Deus' e que está 'decepcionado com a Justiça dos homens'

FREDERICO VASCONCELOS

DE SÃO PAULO

Hoje completa um ano sem nenhuma decisão o procedimento criminal aberto no STF para apurar se o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Ari Pargendler, agrediu moralmente o estagiário Marco Paulo dos Santos na agência do Banco do Brasil, no subsolo do STJ.
Os autos estão há dez meses nas mãos da subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques, aguardando um parecer. A subprocuradora é mulher do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Ouvido ontem pela Folha, Santos, que é evangélico, disse que "entregou o caso nas mãos de Deus", reafirmando que está "decepcionado com a Justiça dos homens".
Em outubro de 2010, Santos registrou ocorrência na 5ª Delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal. Ele alegou que fora fazer um depósito por envelope e não reconheceu Pargendler, que naquele momento estava usando o caixa eletrônico.
No relato de Santos à polícia, o ministro, depois de olhar duas ou três vezes para trás, ordenou que ele saísse do local, gritando: "Eu sou Ari Pargendler, presidente deste tribunal. Você está demitido". Pargendler, então, "arrancou, de forma abrupta, o crachá do seu pescoço".
Santos declarou que, no mesmo dia, Pargendler foi ao setor de pessoal do STJ para solicitar sua demissão.
E que, "ao assinar sua rescisão contratual, foi informado de que nada constaria a respeito do ocorrido em seus registros funcionais".
No dia 26 de outubro de 2010, o Supremo Tribunal Federal autuou o procedimento criminal, distribuído para a ministra Ellen Gracie, que se deu por suspeita.
O novo relator, ministro Celso de Mello, quebrou o sigilo e enviou os documentos para o procurador-geral da República opinar sobre o tipo penal em que eventualmente Pargendler estaria enquadrado. Até hoje os autos não retornaram da Procuradoria-Geral da República.

PERDA DO TRABALHO
O estagiário afirma que, nestes 12 meses, não foi ouvido e não sofreu nenhuma ameaça. "Sou muito transparente. Fiz o que tinha que fazer. Hoje, superei o impacto da perda do trabalho, que, na época, era importante."
Santos, que atualmente trabalha em um órgão público, ainda não concluiu o curso de administração. Diz acreditar que sua experiência, "um aprendizado", não foi um caso isolado no Superior Tribunal de Justiça, "o chamado Tribunal da Cidadania", como enfatiza.
Procurados pela Folha, o Superior Tribunal de Justiça e a Procuradoria-Geral da República não se manifestaram até a conclusão desta edição.


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