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Seminário discute liberdade de imprensa no país
DE SÃO PAULO
O seminário Cultura de Liberdade de Imprensa, promovido pela TV Cultura, discutiu ontem a situação da mídia no Brasil.
Em discurso, o ministro
Franklin Martins (Comunicação Social) descartou a existência de ameaças à liberdade de imprensa no país.
Segundo Franklin, apenas
"fantasmas" fazem as pessoas acharem que existe risco. E completou: "Faço parte
de um governo que garantiu
a liberdade de imprensa,
mesmo apanhando muito".
O ministro afirmou que o
momento "excelente no que
diz respeito à liberdade de
imprensa" não é "mérito do
governo, mas da sociedade,
que conquistou a duras penas uma compreensão profunda de que a liberdade de
imprensa é absolutamente
indispensável para o exercício da democracia".
Para ele, esse momento
deve ser aproveitado para
um debate franco sobre um
marco regulatório para o setor, sobretudo no que diz respeito às telecomunicações.
"Temos que regular. A não
ser que achemos que o bom é
o faroeste, a vitória do mais
forte", disse Franklin.
DEBATE
Após a palestra do ministro, Sérgio Dávila (editor-executivo da Folha), Ricardo
Kotscho (jornalista) e Demétrio Magnoli (sociólogo) discutiram o mesmo tema.
Dávila concordou com a
afirmação de que a liberdade
de imprensa não está ameaçada no Brasil, mas fez a ressalva de que existem "bolsões de desejo censurador".
Segundo Dávila, iniciativas que visam instituir o
"controle social" da mídia
-termo que Franklin critica,
por considerar ambíguo-,
como ocorreu no Ceará, são
exemplos desses "bolsões".
Além disso, Dávila mencionou episódios de censura
judicial, como a que atinge o
jornal "O Estado de S. Paulo"
há 483 dias, e a decisão temporária que impediu a Folha
de ter acesso ao processo que
levou Dilma Rousseff à prisão na ditadura.
Neste caso, o Superior Tribunal Militar permitiu que o
jornal tivesse os papéis, mas
somente após as eleições.
Sobre regulação da mídia,
Dávila disse ser suficiente o
que já existe na Constituição
e nas leis que dela decorrem.
O jornalista Ricardo Kotscho, quando questionado pela plateia sobre o "controle
social" da mídia, afirmou
que isso já existe, na medida
em que o consumidor pode
"mudar de canal" ou "deixar
de assinar o jornal".
Para ele, a atual profusão
de meios de comunicação
deu início a um processo que
"ninguém sabe onde vai parar", mas que é "fantástico",
porque leva à "democratização da informação".
Demétrio Magnoli afirmou
que a fala de Franklin Martins mereceria poucos reparos, mas apontou exemplos
que, em sua opinião, sinalizam para um discurso contraditório vindo do governo.
Segundo Magnoli, os "fantasmas" mencionados pelo
ministro existem e têm materialidade, como nos casos do
PNDH-3 (Plano Nacional de
Direitos Humanos), da Confecom (conferência organizada pelo governo Lula sobre
comunicação) e de notas do
PT, entre outros exemplos de
iniciativas que sugerem o
controle editorial da mídia.
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