São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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Kassab tenta financiar PSD com apoio de empresários

Sem receber recursos do Fundo Partidário, legenda terá de viver de doações

Novo partido agora quer assegurar a filiação de deputados federais para ter direito a dez minutos de propaganda na TV


SILVIO NAVARRO
DANIELA LIMA

DE SÃO PAULO

Sem estrutura nem verba do Fundo Partidário, o novo PSD (Partido Social Democrático) do prefeito Gilberto Kassab espera manter o caixa com recursos captados pelo vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, e doações de fornecedores da prefeitura.
Como nasce após as eleições de 2010, o PSD não entra na partilha da maior parte do fundo, dividido de acordo com os votos para a Câmara dos Deputados. O partido só receberá a fatia mínima, oriunda da divisão dos 5% do bolo, distribuídos igualitariamente por todas as siglas (cerca de R$ 40 mil mensais).
O fundo é composto de recursos da União e multas eleitorais. O PT, o mais votado para a Câmara, receberá R$ 3,6 milhões mensais. O DEM, que Kassab e Afif deixam, R$ 1,5 milhão por mês.
Para reverter a falta de caixa, a ideia é apressar na Justiça Eleitoral a formação da figura jurídica do partido para captar doações financeiras. Segundo aliados de Kassab, ele conta que receberá ajuda de fornecedores da prefeitura e de outras máquinas administradas por futuros filiados, como Mogi das Cruzes (SP) e Manaus.
Em 2008, a campanha à reeleição do prefeito captou quase R$ 30 milhões, especialmente de bancos e empreiteiras.
O prefeito diz que bancou do próprio bolso a viagem a Salvador, onde fez o anúncio do lançamento do PSD, e fará o mesmo nas próximas viagens, para Goiás e Tocantins.
Aliados dizem que o fiador financeiro do projeto é Afif, detentor de patrimônio declarado de R$ 49,2 milhões. O vice-governador comandou durante anos a Associação Comercial de São Paulo e a Federação das Associações Comerciais do Estado.
"Sou muito ruim nisso [captar recursos]. Tenho vergonha de pedir", diz Afif. "O custo de composição é mais um processo voluntário de quem quer participar. Isso já aconteceu comigo no PL [hoje PR], tivemos uma participação voluntária grande."
Outra fonte seriam deputados federais interessados em aderir ao partido com o compromisso de chefiar diretórios em suas bases. A adesão de federais é uma das prioridades de Kassab porque a Justiça Eleitoral exige a filiação de pelo menos cinco deputados em cinco Estados para ter direito a dez minutos semestrais na TV.

JK
A filha do ex-presidente Juscelino Kubitscheck, Maria Estela Kubitscheck Lopes, negou ter autorizado Kassab, a usar o domínio www.jk.org.br. "Ele jamais tratou desse assunto comigo. Se tivesse feito, teria tido a oportunidade de manifestar minha discordância", disse ela. Se o prefeito não voltar atrás, a família entrará na Justiça para impedir o uso do nome por "partidos e pessoas cujas trajetórias políticas não guardam qualquer afinidade com os ideais de JK" , disse Maria Estela.

Colaborou HUDSON CORRÊA, do Rio


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